sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O Arranjo Musical [3]


  • Para-se tornar um bom arranjador é necessário um grande conhecimento musical, pois esta atividade engloba muitos elementos diferentes. Para alcançar os objetivos de um bom arranjo, o músico deve dominar aspectos como: criação da base rítmica, contracantos e linhas de baixo (acompanhamento harmônico de base); a criação da base rítmica deve utilizar a métrica e variações de ritmo, tais como a síncope, que caracterizam cada estilo.
"Nanã" [Moacir Santos] Arranjo de Wilson das Neves

A matéria prima de um arranjo é a melodia cabendo ao arranjador a liberdade de hamonizá-la, ritmá-la  e instrumentá-la de acordo com o seu propósito.

"Nanã" [Moacir Santos] Arranjo de Lyrio Panicali

Fazer um arranjo implica em preparar uma composição musical para a execução por um grupo específico. Este grupo pode ser tanto de vozes quanto de instrumentos musicais. O ideal é que façamos o arranjo de modo próprio, ele deve estar adaptado de acordo com o nível musical do grupo. Para isso o arranjador tem que conhecer o grupo, seus pontos fracos e fortes. Resumindo, temos que ter claramente na cabeça "para quem" está direcionado o arranjo.

"Nanã" [Moacir Santos] Arranjo de Moacir Santos

Conhecer a capacidade técnica de quem irá tocar o arranjo, trará ao arranjador uma melhor percepção do que se pode escrever em relação à tonalidade, ao fraseado, aos ornamentos, ao grau de dificuldade de interpretação e todos os fundamentos que poderão enriquecer e embelezar o arranjo.

"Nanã" [Moacir Santos] Arranjo original do autor gravado nos discos "Coisas" 1965 e "Ouro Negro" 2001

A finalidade de se fazer um arranjo pode ser inúmeras, e objetivos estéticos e os conceitos de belo ou agradável não podem ser objetivamente definidos. Pode servir para criar um contraste, não necessariamente mais belo, por exemplo, cenas de terror e suspense precisam de trilhas sonoras que causem um certo desconforto, dentre muitos outros exemplos.

"Nanã" [Moacir Santos] Arranjo do maestro Branco
  • O arranjador deve ser um músico especializado e experiente. Do arranjador é exigido um corpo de conhecimentos que envolve muito da composição musical, com todas as ferramentas e técnicas composicionais habitualmente colocadas à disposição do compositor, das quais ele não pode prescindir ou desconhecer sob o risco de não exercer o domínio sobre o resultado buscado.
O arranjo na música popular sempre desempenhou papel fundamental nos processos de constituição e desenvolvimento desta música, cabendo aos arranjadores responsabilidade tão marcante e decisiva quanto a dos compositores ou intérpretes.

  • Os vídeos desta postagem apresentam a música "Nanã", composição de Moacir Santos com letra de Mario Teles com diferentes arranjos na visão de vários arranjadores. A idéia é passar através dos diversos arranjos uma visão didática de como uma mesma música pode ter diferentes arranjos sem perder sua identidade melódica e estar de acordo com a finalidade que lhe foi proposta. "Nanã" ou "Coisas nº05” é uma música que foi gravada originalmente no disco "Coisas" de Moacir Santos em 1965 e em seguida ganhou o mundo tendo hoje mais de 150 gravações por diversos artistas internacionais.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Rapsódia Sertaneja - Para Banda de Música

  • Neste trabalho, segui as pegadas deixadas por muitos pesquisadores e compositores brasileiros que através de suas obras deram uma grande contribuição para as futuras gerações com valiosíssimos trabalhos de pesquisa que resgatam e dignificam a música folclórica nacional, como, Mario de Andrade, Villa Lobos, Guerra Peixe, Reginaldo Carvalho, Emmanuel Coêlho, entre outros.

A forma de arranjo utilizada é bastante comum entre os compositores eruditos que utilizam temas populares ou folclóricos e os apresentam com "roupagem" erudita. Esta prática teve grande expressão no "nacionalismo", movimento típico do final do período romântico e do modernismo.

  • Não poderia deixar de registrar a forte influência dos compositores nordestinos: Cussy de Almeida, Clóvis Pereira, Jarbas Maciel, Duda, Antônio Nóbrega, Antônio José Madureira, Marlos Nobre, Dimas Sédicias e José Tavares de Amorim, que fizeram escola na forma e no trato que deram a música folclórica nordestina.

SOBRE A OBRA:

“RAPSÓDIA SERTANEJA” para banda de música, é uma obra original e inédita com arranjo do maestro Rocha Sousa que se utiliza de motivos e melodias do folclore piauiense, e os apresentam com uma linguagem erudita. Os temas utilizados foram originalmente pesquisadas pelos maestros Reginaldo Carvalho, Emmanuel Coelho Maciel e pelo próprio autor.

DESENVOLVIMENTO DA OBRA:

1. Abôio (Introdução) - abertura utilizando motivos modais de abôios (aboios - melodias modais que os vaqueiros utilizam para conduzir a boiada);

2. Música de Chegada – é a primeira música que se canta dando inicio à apresentação do reisado (melodia extraida do livro "Cantares Piauiense" (com melodias do folclore piauiense), de autoria do maestro Reginaldo Carvalho.

3. Cavalo Piancó – melodia folclorica acompanhado de uma dança vivenciada por velhos que fazem de conta estar montando cavalos mancos. É oriunda da cidade de Amarante-Piauí, e foi pesquisa pelo maestro Emmanuel Coêlho (cavalo piancó quer dizer cavalo manco ou coxo).

4. Abôio - a idéia é combinar diversos aboios de forma aleatória em contraponto modal como passagem modulante. (O Vaqueiro, figura marcante no sertão piauiense é um destemido na condução da boiada com seus aboios lamentosos a ecoar pela vastidão dos campos que usa para dominar o boi).

5. Boi do Piauí – melodia folclorica cantada em todo o Brasil desde o periodo colonial brasileiro em que o Piauí abrigava as grandes fazendas de gado. O Bumba-meu-boi é a representação popular mais importante do Piauí. (A pesquisa folclórica é do maestro Emmanuel Coelho).

6. A Lênda do Cabeça de Cuia – esta é uma das melodias com maior identidade popular com a folclórica lenda do Cabeça de Cuia. Aconteceu com a mesma um fenômeno raro, que é chegar a ser confundida como música folclorica. Mas tem uma autoria definida e está catalogada e registrada em varias gravações como de autoria do maestro Pedro Silva.

7. Cantiga de Cego na Feira - melodia modal folclórico muito comum no repertório das bandas de pifanos nordestinas. A mesma foi coletada por mim na cidade de União - Pi, mas tenho convicção que esta presente em todo o sertão nordestino.

8. Ave Maria Sertaneja – melodia do repertório folclórico-religioso piauiense coletada por mim no municipio de José de Freitas - Pi. Esta ladainha é cantada nos terços e procissões dos sertanejos que imploram a nossa senhora nos longos periodos de estiagem sertaneja por chuva
no sertão.

LINKS PARA O AUDIO:

Rapisódia Sertaneja [Bda Sinf 16 de Agosto] Rocha Sousa.mp3

LINKS PARA PARTITURAS EM PDF:

http://www.4shared.com/document/Mf1K1kwS/Rapsdia_Sertaneja_Rocha_Sousa.html

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Música Não é Para Todos! É Para Poucos


  • Vivo ministrando aulas de música, de forma contínua, desde 1989, participando assim da formação de vários colegas que hoje também dão sua contribuição para o engrandecimento da nossa arte. Ao longo do tempo, adquiri algumas certezas e muitas dúvidas sobre o exercício desta profissão.
Tento a seguir ordenar alguns argumentos e questões sobre o fato.
  • O que é preciso para ser músico?

É uma questão polêmica. Há um consenso: é preciso ser humilde, ter talento e gostar de estudar. É preciso buscar o total domínio da linguagem musical e os conhecimentos específicos de um instrumento musical; é preciso gostar musica; ter curiosidade pela informação musical e ser criativo, são alguns dos atributos obrigatórios. O problema é que no Brasil a maioria das pessoas que reúnem esses atributos não estudam, nem exploram esse potencial e ficam na superficialidade.

  • Onde adquirir os conhecimentos específicos citados no tópico anterior?

Começa na vivência de casa e deve prosseguir em uma boa escola de musicalização ou em um projeto público destes que utilizam métodos de ensino coletivo visando revelar talentos para participarem dos seus grupos. Se conseguir passar por esta etapa procure urgente uma escola profissionalizante de bom nível técnico. Como não temos escolas de música profissionais de nível internacional no Brasil, pode ser com um bom mestre prático. Após mais esta etapa já dar para você ter uma idéia se deve ou não continuar e encarar uma faculdade.

As deficiências do processo de formação musical em nosso país ainda é um dos aspectos que se colocam como maiores obstáculos na consolidação de nossos músicos no mercado de trabalho.

  • Para ser músico, assim como em qualquer outra profissão, exige muito estudo e dedicação. Felismente a maioria dos músicos que atuam em nosso mercado profissional são autodidatas dedicados, verdadeiros devotos da arte que coordenam seus próprios estudos fazendo desta escola um meio de superação da maioria das dificuldades.

Ser músico e viver desta arte em nosso país é um uma missão quase impossível. Diversos aspectos dificultam o futuro e êxito profissional da maioria dos nossos artistas que fazem de tudo para não abandonar os próprios sonhos e objetivos.

  • O conteúdo do vidéo a seguir destaca o trabalho da Banda Sinfônica Jovem Mario Portes na vida dos jovem na comunidade de Jundiapeba na cidade Mogi das Cruzes!

domingo, 16 de agosto de 2009

O Arranjo Musical [2] MPB


  • A efervescente atmosfera musical vivida nos anos de 40 a 60, época áurea das grandes Orquestras populares brasileiras, está intimamente ligados ao Rádio como veiculo de comunicação e entretenimento de então, novidade marcante na sociedade brasileira, e posteriormente migrados para a Televisão, em particular às emissoras Tupi e Record.
Em homenagem à memória de uma época responsável pela criação de belissimas obras musicais e do surgimento grandes nomes em nossa música popular, como: Radamés Gnatalli, Léo Peracchi, Lindolpho Gaya, Lyrio Panicalli, Moacyr Santos, Ciro Pereira e tantos outros... Estaremos escrevendo sobre a história do arranjo musical na música popular brasileira, atribuindo a devida importância à tarefa do arranjador, que muitas vezes é considerada como atividade menor na prática musical, no entanto, assume um caráter de fundamental importância ao longo da história da música popular ocidental pela produção de obras representativas do repertório que nos foi legado, muitas vezes com linguagens muito próxima entre erudito e popular.

É fato sabido e marcante, a influência deste período na trajetória da maioria dos grandes músicos brasileiros das gerações mais recentes. Durante as décadas de 30 a 60, quase toda emissora possuía sua própria Orquestra, além de seu Cast de Músicos, Intérpretes e Arranjadores. A necessidade de uma programação variada quase que diariamente, aliada à transmissão ao vivo e ao grande número de excelentes cantoras e cantores, criava a obrigatoriedade de uma produção ao mesmo tempo rápida e qualitativa no que diz respeito ao quesito Arranjo.

Note-se ainda que, em função da grande diversidade de ritmos de então, destacava-se a capacidade na elaboração de roupagens de grande qualidade artística para os mais diversificados Gêneros Musicais e Formações Instrumentais, desde as grandes Orquestras até os Regionais de Chôro e Grupos Vocais.
  • A função do arranjo na música popular é aflorar as qualidades de uma obra musical de acordo com sua finalidade, revelando as vezes ao próprio autor, belezas invisíveis. Ao arranjador em sua tarefa de realização de um arranjo, cabe a escolha do instrumento ou grupo de instrumentos a serem utilizados como meio de expressão, planejamento formal para a concepção do arranjo, escolha de tonalidade adequada aos meios escolhidos, adequação do material harmônico enquanto linguagem a ser explorada, definição das funções desempenhadas por cada um dos instrumentos de acordo com suas características idiomáticas, além de todas as técnicas empregadas para a “composição” do arranjo, técnicas estas oriundas da atividade composicional.
O arranjo forneceu ao gênero popular (geralmente a canção), concebido como melodia acompanhada (ou por um único instrumento harmônico, como o violão, ou pelo grupo conhecido como —regional“, derivado das rodas de choro) uma densidade sonora que originalmente não existia. Dentro das principais etapas da evolução deste ramo de atividade musical no século passado na música popular brasileira... Destacaremos a seguir os principais nomes representantes da história desta arte em nossa música popular.
  • Anacleto de Medeiros - No Rio de Janeiro do início do século, destacava-se a Banda do Corpo de Bombeiros, uma das que mais gravou discos no início do século. O conjunto foi fundado e dirigido pelo maestro e compositor Anacleto de Medeiros, a quem se atribui a criação de uma linguagem orquestral popular no Brasil, ao fundir a linguagem das bandas à das rodas de choro.
Durante a fase da gravação mecânica, utilizavam-se preferencialmente instrumentos de metal e vozes impostadas, baseadas na técnica do bel-canto, que possuíam a amplitude (intensidade) necessária para mover a agulha gravadora e criar um sulco na cera prensada, registrando-lhe o espectro do som. Com o advento da gravação elétrica, em 1927, e o conseqüente aumento da sensibilidade do diafragma do microfone, amplia-se enormemente a gama de timbres que podiam ser gravados, incluindo as cordas, as vozes —pequenas“ e instrumentos percussivos que antes não eram captados com precisão. Os singelos regionais (grupos instrumentais compostos de violão, cavaquinho, percussão e um instrumento melódico œ flauta, clarinete, bandolim etc.) são, assim, substituídos por grandes orquestras.

1ª Geração de Arranjadores Brasileiros ( de 1935 a 1949)

Na segunda metade dos anos 30 com a expansão do radio no Brasil, desponta a 1º Geração de arranjadores para formações orquestrais mistas (seção rítmica, cordas e sopro), encabeçada por Radamés Gnattali, Pixinguinha e Gaó, completada mais tarde por Lyrio Panicali e Leo Peracchi, os quais viriam a introduzir, durante suas longas carreiras profundas modificações na construção de uma nova linguagem na música popular brasileira baseadas na seção rítmica norte americana e nas orquestras ligeiras dos anos 40. A formação Big Band começa a se dissiminar com formações dedicadas aos gêneros típicos como o samba e o frevo

  • Arranjos referências: 1939 - Arranjo de Radamés Gnattali para "Aquarela do Brasil" de Ary Barroso, na voz de Francisco Alves se destaca ao dar tratamento rítmico a instrumentos "melodico".
O surgimento e a expansão das rádios no Brasil, está intimamente ligado à construção de uma linguagem orquestral na música popular, sobretudo nos anos 40 e 50. Num momento em que praticamente todas as emissoras eram dotadas de orquestras próprias, para as quais eram escritos arranjos inéditos, os orquestradores desempenharam um papel importantíssimo na construção de uma —sonoridade brasileira.
Foi na Rádio Nacional que surgiram as primeiras experiências de arranjo de música brasileira para outras formações. Coube a Radamés Gnattali, um dos maestros da casa, o papel de fornecer uma outra roupagem aos cantores brasileiros além daquela do regional. Começou a fazer arranjos de pequenas peças como toadas e choros para pequenos conjuntos, trios, quartetos, os quais eram executados pelo próprio maestro ao piano, Iberê Gomes Grosso no violoncelo e Romeu Ghipsman no violino. Depois foi enriquecendo as formações até chegar à orquestra. Orlando Silva, o "cantor das multidões", foi um dos primeiros a contar com esse novo recurso.
  • Na década de 30, Radamés trabalhou na Rádio Clube do Brasil, na Rádio Mayrink Veiga, na Gazeta, na Cajuti e na Transmissora, na qual iniciou sua carreira como arranjador. Em 1935, Orlando Silva requisitou-lhe alguns arranjos de cordas para seu disco. O maestro aceitou e Orlando Silva acabou sendo o primeiro cantor brasileiro a gravar música brasileira com orquestra sinfônica, vendeu toneladas de discos. O acorde americano, como ficou conhecido o acorde de nona, agradou muito o público. Até então este tipo de acorde só era utilizado no jazz, porque os compositores de jazz ouviam Ravel e Debussy. Aqui ninguém nunca tinha ouvido esses acordes a não ser em música americana, e vieram as críticas. Mas o povo não se deixou levar e assimilou muito bem a novidade." (BRESSON. Bruno Cartier. Uma história que conta como os violinos chegaram aos arranjos do samba. O Estado de S. Paulo. 19.03.1979. p.26).
  • Ainda sobre Radamés Gnattli: Durante os trinta anos em que trabalhou na Rádio Nacional, Radamés foi um inovador; abriu espaços para novos maestros e arranjadores, valorizou a música instrumental e foi o responsável pela inclusão da orquestra na música popular brasileira. Introduziu no Brasil nos anos 30 a cifra norte-americana, por ser a cópia das partes de piano feita mais rapidamente uma vez que os trabalhos entregues pelos arranjadores tinham suas partes de orquestra copiadas e tocados no mesmo dia sem ensaio pela orquestra da Rádio Nacional. A experiência no rádio o levou para a Rede Globo de Televisão em 1968, onde trabalhou como maestro e arranjador durante 11 anos. Poucos arranjos considerados geniais na música brasileira não passaram pela mente versátil e pela caligrafia fina e precisa do maestro, arranjador e concertista Radamés Gnattali (1906-1988).

2ª Geração de Arranjadores Brasileiros ( de 1950 a 1968)

No inicio dos anos 50 surge a 2ª geração de arranjadores brasileiros. Nesse periodo acentua-se a influencia norte americana em nossa música. Os princiapais representantes deste periodo são: Lyndolgo Gaya, Moacir Santos, Tom Jobim, Luiz Arruda Paes, Cyro Pereira, Cipó e Rogerio Duprá.

  • Os arranjos inovadores de Tom Jobim para Elizete Cardoso e João Gilberto estabelecem padrões de referência para a moderna MPB, que então nascia pelas mãos da bossa nova; Rogerio Duprá renova a MPB ao fazer com tropicalistas trabalho similar ao que George Martin fez com os Beatles.

Arranjos referências: 1968 - arranjos de Rogerio Duprá para disco "Tropicalia" de Caetano Veloso.

3ª Geração de Arranjadores Brasileiros ( de 1969 a 1980)

No final dos anos 60 consolida-se a 3ª geração de arranjadores brasileiros composta por luis Eça, Eumir Deodato, Oscar Castro Neves, Dory Caymmi, Chiquinho de Moraes, Cesar Camargo Mariano, Wagner Tisso, etc.
A parti da década de 80, com o avanço da tecnologia de gravação, a evolução dos instrumentos musicais eletrônicos, o surgimento dos sintetizadores, as sucessivas crises de ordem financeira, as exigências de um “mercado cultural” voltado ao lucro imediato e fácil, a valorização dos pequenos grupos, dentre outros fatores... Praticamente inviabilizaram as grandes formações orquestrais da música popular nos estudios fazendo com que estas tivessem carater secundario e fossem desaparecendo quase que por total.
    • Hoje em dia, com o fácil acesso a computadores modernos e os baixos custos dos sintetizadores, surgiram os homes studios que fazem uma mudança radical no sistema de gravação e nos custos das produções musicais modificando totalmente a sonoridade e o conceito de arranjo nos dias atuais.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O Arranjo Musical [1] Origem

Maestro Cipó
  • Dentre as diversos etapas que compoem o processo de criação musical, o arranjo é sem dúvida o menos privilegiado pelos estudos acadêmicos, em especial no campo da História. As dificuldades encontradas pelos pesquisadores que se embrenham por essa seara são inúmeras, a começar pela complexidade do objeto. A ela se somam a escassez das fontes e a inexistência de um aporte teórico-metodológico específico para sua análise. Neste post, propomos traçar um breve panorama histórico, sobre esta arte e suas principais etapas de evolução ao longo da história na música.

O Que é Arranjo?

Arranjo, em música, é a preparação de uma composição musical para a execução por um grupo específico de vozes ou instrumentos musicais. Isso consiste basicamente em reescrever o material pré-existente para que fique em forma diferente das execuções anteriores ou para tornar a música mais atraente para o público e usar técnicas de rítmica, harmonia e contraponto para reorganizar a estrutura da peça de acordo com os recursos disponíveis, tais como a instrumentação e a habilidade dos músicos.

  • O arranjo pode ser uma expansão, quando uma música para poucos instrumentos será executada por um grupo musical maior como uma orquestra ou grupo coral. Pode também ser uma redução, como quando uma música para orquestra é reduzida para ser tocada por um conjunto menor ou mesmo por um instrumento solista. O músico responsável por esta atividade é chamado arranjador.

Origem do Arranjo Moderno

O arranjo musical, tal qual hoje o concebemos, surgiu na Europa, na segunda metade do século XIX, como uma forma de transpor para a linguagem pianística obras consagradas para a escritura orquestral ou, no caminho inverso, orquestrar peças originalmente concebidas para instrumentos solistas ou para pequenas formações.

  • Originalmente aplicado à — música de concerto, "o recurso foi rapidamente incorporado pela chamada — música ligeira" e aquela realizada em ambiente doméstico, tornando-se prática bastante comum. Alguns autores identificam, nesse momento, o início do processo que Adorno denominou —regressão da audição“ (Adorno, 1975). Max Weber, por exemplo, apontou que a —vulgarização“ da arte musical teria ocorrido no final do século XVIII, intensificando-se no XIX, justamente com a popularização do piano, um —instrumento doméstico burguês“ que, muito antes do fonógrafo, tornara-se um meio de difusão musical de massa (1995:148).

O arranjo moderno, entretanto, surge apenas no século XIX, determinado, de um lado, pela valorização dos diferentes timbres instrumentais, e, de outro, pela popularização do piano. Ele indica a transposição de uma composição para um meio diferente do original, ou ainda a elaboração ou simplificação de uma peça sem alteração do meio. Isso implica o reconhecimento do material composicional original (harmonia, melodia) e da autoria da peça.

NOTA:

  • Embora o arranjo moderno tenha surgido na segunda metade do sec. XIX, na Europa, muito antes as melodias usadas nos corais do período Barroco, como também nos prelúdios corais, por exemplo, são arranjos elaborados dos cantos gregorianos. Johann Sebastian Bach é conhecido internacionalmente como um dos maiores arranjadores na História da Música. Ele recebe justos créditos como compositor, mas Bach utilizou temas melódicos populares e hinos usados na Igreja, durante os ofícios do período medieval para suas obras.
  • Bach também usou concertos escritos por ele próprio para arranjá-lo para outros instrumentos, como no caso do Concerto para Oboé e Violino em ré menor, transformado no Concerto para dois pianos em dó menor, que nada mais é do que um arranjo musical aonde Bach transpõe a melodia de cada instrumento, arranjando para o outro novo concerto - Ambos são classificados BWV 1060. Isto foi, por muitos anos, algo muito praticado visto que os compositores tinham a necessidade de compor muito rapidamente e, por falta de tempo, freqüentemente não usavam temas originais, mas sim temas pré-existentes para transformá-los numa nova obra — que não passava de um arranjo musical .
  • A famosa Ária da quarta Corda da Suite número 3 de Bach, BWV1068, é também um Concerto para Flauta e orquestra de Bach. Bach também usou pelo menos um tema de Vivaldi, assim como Villa-Lobos e Stravinsky usaram temas de Bach para arranjá-los em novas obras expandindo o tema melódico pré-existente. Franz Liszt também fez muitos arranjos assim como Wolfgang Amadeus Mozart, Franz Schubert, Frédéric Chopin e muitos outros.

O Arranjo no Brasil

No Brasil do século XIX, diversas obras orquestrais, como concertos, óperas e sinfonias, entre outras peças românticas, logo penetraram os lares burgueses, os salões e as praças, na forma de pot-pourris para piano ou para banda (Mammí, 1999:3). Ao lado delas, maxixes, tangos, habaneras, fox-trots, ragtimes, sambas e outros gêneros populares, também adaptados para a linguagem — pianeira, tornaram-se os principais sucessos de vendas de partituras, invadindo a cena musical brasileira.

  • O surgimento e a expansão das rádios no Brasil, por sua vez, estiveram intimamente ligados à construção de uma linguagem orquestral na música popular, sobretudo nos anos 40 e 50. Num momento em que praticamente todas as emissoras eram dotadas de orquestras próprias, para as quais eram escritos arranjos inéditos, os orquestradores desempenharam um papel importantíssimo na construção de uma —sonoridade brasileira“. Fazem parte dessa geração nomes como Radamés Gnattali, Léo Peracchi, Gaó (Amaral Gurgel), Edmundo Peruzzi, Alberto Lazzoli, entre outros.
  • Tais arranjadores foram os responsáveis pelo processo que José Miguel Wisnik denominou a —sinfonização“ da música popular. Iniciada no âmbito da música erudita, e tendo entre seus principais representantes o compositor Villa-Lobos, que —trouxe para a moldura do concerto a música dos espaços populares (Wisnik, 1982:164), o processo de sinfonização nacionalista acabou por invadir também o espaço da música popular, através, por exemplo, da introdução de cordas nas orquestrações do samba. Pretendia-se, com isso, educar a escuta do povo brasileiro, por meio de uma sonoridade o mais próximo possível da chamada música de concerto. Tal aspiração—erudita foi perpetuada nos anos 60 pelo movimento da chamada Bossa Nova e seus seguidores.

Arranjo Erudito X Arranjo Popular

Em matéria de arranjo musical a relação da realidade musical erudita se da de forma diferente com a realidade da música popular. Enquanto que na chamada música erudita o arranjo tem a função de facilitar a execução (e a escuta) de peça, acabada, adaptando-a para ser executada em condições inferiores à que foi planejada, na música popular o intuito é justamente o oposto: o arranjo fornecer ao gênero popular (geralmente a canção), concebido como melodia acompanhada (ou por um único instrumento harmônico, como o violão), uma densidade sonora que originalmente não existia.

  • Este post visa fundamentalmente contribuir de alguma maneira no sentido de resgatar e atribuir a devida importância à tarefa do arranjador, que muitas vezes é considerada como atividade menor na prática musical, no entanto, assume um caráter de fundamental importância ao longo da história da música popular ocidental pela produção de obras representativas do repertório que nos foi legado, muitas vezes com linguagens muito próxima entre erudito e popular.

domingo, 9 de agosto de 2009

I Festival de Música de Teresina


  • No ano em que completa 157 anos, a cidade de Teresina realiza seu I Festival de Música no mês de seu aniversário, congregando todas as linguagens presente na música brasileira. Teresina conta com outras iniciativas: Festival de Bandas; Encontro de Corais; Festival de Violões, mas faltava essa.

O I Festival de Música de Teresina recebeu durante uma semana 600 alunos e 16 professores de música de diversas cidades além da cidade de Teresina. Foram realizadas várias palestras, debates e oficinas de acordeon, improvisação, violoncelo, oboé, clarineta, canto, metais, bateria, violino, guitarra, baixo, violão, flauta, piano e banda de música. Dentre os professores convidados que participaram do I Festival de Música de Teresina, podemos destacar: Nelson Farias, Ney Conceição, Kiko Freitas, Mariana Sales, Cristiano Alves, Ademir Jr, Fred Dantas, Vando do Trombone, entre outros.

    Banda Sinfônica 16 de Agosto da Cidade de Teresina - Pi

  • Este Festival representa o reconhecimento do poder público sobre a importância da música para nossa cidade e o comprometimento de uma administração em manter investimentos nesta area cultural.

O Festival de Musica de Teresina é uma realização da Prefeitura Municipal de Teresina através da Fundação Cultural Monsenhor Chaves (FMC), organização de cultura à frente do evento. A direção artística é do Músico Erisvaldo Borges.
  • Esse trabalho desenvolvido durante uma semana no I Festival de Música de Teresina, de profundo convívio dos alunos ao lado de grandes artistas do cenário brasileiro e internacional é de fundamental importância para a formação dos jovens músicos.

A realização do I Festival de Música de Teresina é uma prova de que o esforço de varios profissionais que durante anos vêm se dedicando a formação musical em nossa cidade vem alcançado seus objetivos.

  • Vídeo com Orquestra Sinfônica de Teresina fazendo a abertura do I Festival de Música de Teresina.



sábado, 1 de agosto de 2009

Chico Ratum: Uma Voz Que Encanta

Chico Ratum
  • Ele nasceu Francisco Luiz da Silva, às margens do rio Longá, em Piracuruca-Pi, em 1947. Ainda cedo sua familia veio morar em Teresina, capital do Piauí onde se projetou como músico instrumentista e cantor dos mais respeitados em seu estilo.
Um artista e sua inseparável humildade. Aprendeu sozinho a tocar violão, acordeon e bateria, e quando se deu conta também ja cantava profissionalmente. Portanto, desde muito jovem começou o exercicio profissional dessa arte que garante a sua prória sobrevivência.

Cantar é mesmo seu maior prazer. Um prazer que ele procura compartilhar com os músicos que lhe acompanham...com o público, sempre fiel, e com toda a humanidade.


Seu canto é como uma manifestação divina na terra. Um alimento espiritual que depende de um cozinheiro de Deus para misturar bem os ingredientes certos: talento, sonho, carisma, emoção, sensibilidade e amor... na dosagem certa. O resultado não poderia ser diferente: uma empatia absoluta com a platéia por onde passou.
  • Para ver esse grande artista demostrar a força do seu canto, basta assistir uma das apresentações da Orquestra Nostalgia de Teresina onde o mesmo é seu cantor. Na Orquestra Nostalgia, Chico Ratum derrama sua energia através de seu canto... que encanta..., fascina.... e conquista com sua voz abençoada.
Vídeo com apresentação de Chico Ratum em festa de comemoração ao dia do soldado realizado em 25/08/2007 na cidade de Teresina, com as bandas do 25 BC e Orquestra Nostalgia.