quinta-feira, 26 de novembro de 2009

OMB-PI homenageia Músicos

Maestro Isácio (PMPI), recebendo o seu diploma do Presidente da OMB-Pi - Edino Neiva
  • Na homenagem que prestou aos músicos e pessoas outras que colaboram para o desenvolvimento do setor, a Ordem dos Músicos do Brasil - secção do Piauí, sob a coordenação do seu presidente, Edino Neiva, proporcionou, antes de tudo, o reencontro entre valores que o corre-corre da vida se encarrega de separar.
Maestro Edino Neiva (OMB-PI), ao lado de Sônia Terra (FUNDAC) homenageiam o Maestro Fred Morroquim

maestro Rocha (PMPI), ao lado do maestro Eraldo Lopes (CEFET-PI) exibe diploma que recebeu da OMB-Pi

  • A Ordem dos Músicos do Brasil - secção do Piauí, sob a coordenação do seu presidente, Edino Neiva, está investindo na valorização dos músicos e resgatando valores esquecidos.
Foi possível juntar a velha guarda e os mais jovens, os que vivem exclusivamente da noite e os que atuam no ensino ou nos grupos mais eruditos, sem perder de vista o profissionalismo. Intérpretes mais à distância da mídia desfilaram com sobriedade, recebendo aplausos carinhosos dos próprios colegas, eis que a platéia era formada, basicamente, por músicos.


Edino Neiva (Presidente da OMBPI) entrega diploma ao músico Rubeni Miranda (à direita).

Era perceptível o contentamento de velhos amantes da música, como o pai do prefeito Sílvio Mendes, Silvio Mendes de Carvalho, ao aplaudir o jovem saxofonista Caio Mesquita, o ex-prefeito de Altos, José Gil Barbosa e do escritor William Palha Dias, este assistindo o neto Saulo Du Gado receber o diploma de honra ao mérito.
  • O respeito dos profissionais para com a pianista Dourila Carvalho foi demonstrado em calorosa salva de palmas. Enfim, o encontro dos músicos proporcionado pela OMB-PI foi um acontecimento marcante, mostrando que aquela velha impressão de que o músico só sabe falar mal do colega não tem consistência. No fundo, no fundo, o que falta aos músicos são maiores oportunidades de congraçamento.
Matéria da Tv Cidade Verde realizada por ocasião da solenidade em homenagem aos músicos organizada pela OMB-Pi.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A Arte do Mestre Agenor Abreu

Mestre Agenor Abreu

  • Há mais de vinte anos ele começou suas pesquisas junto com o professor Noé Mendes (in memorian), visitando comunidades do interior onde as tradições ainda eram mantidas, por obra e graça dos mais velhos e com estes fazer um registro das cantigas do folclore do Piauí. O mestre Agenor Abreu é músico, tocador de pífano, sanfoneiro, professor e pesquisador de larga experiência, que vêm prestando um grande trabalho em favor de nossa cultura popular.

Ao realizar sua pesquisa folclorica, o Mestre Agenor ouviu histórias, aprendeu músicas, aprendeu danças e sentiu que tinha a missão de passar isso pra frente, revelar ao mundo o que restava de uma das mais importantes manifestações folclóricas e culturais do nosso País.

No povoado Cruzes, interior de Curralinhos, no interior do Piauí, Agenor encontrou Diolino, Louro Preto, Zefinha do Louro, Chico Honório, Macimino, Dona Sinêga, Luís Roque, Zé de Deus, Abdião das Cruzes, Zé Lázaro, João Princesa e Zé Teófilo, que contaram em detalhes e mostraram com cantos e danças como se fazia Reisado, Baião Sapateado, Pisa na Fulô, Roda de São Benedito e Roda de São Gonçalo.

  • "Eles já eram bem velhinhos, mas era uma animação danada quando eu chegava com a sanfona. Queriam logo ir pro terreiro para dançar e fazer a cantoria. Só tenho a agradecer a generosidade com que me passaram toda a história, e me sinto privilegiado por ter conseguido os depoimentos porque todas essas pessoas já morreram nestes quase dez anos, desde que eu comecei a pesquisar".

Em paralelo aos seus trabalhos de pesquisas, Agenor também vem desenvolvendo um trabalho de músicalização com crianças em risco social na região do bairro Agua Mineral da cidade de Teresina. O trabalho começou ser desenvolvido ainda na década de 80, com o apóio de amigos e colaboradores, dentre eles não poderiamos deixar de citar a figura do mestre Zozinha (in memorian), que juntamente com o mestre Agenor montaram a escola de música Musarte naquela região carente da cidade.

Mestre Zozinha com grupo de crianças [1989]

Dentre os diversos instrumentos de musicalização utilizados na Escola de Música do Mestre Agenor, o Pifano tornou se sua principal referencia vindo, com apóio da Prefeitura de Teresina, criar a Banda de Pifano da Cidade de Teresina, que é uma referencia da região.

Hoje os trabalhos desenvolvido na Escola de Música Musarte do Professor Agenor no Bairro Agua Mineral, extrapolaram os limites da arte musical e everendam pelo caminho da dança. As pesquisas do mestre Agenor, possibilitaram também a criação do Grupo de Dança Folclorica "Dandiê" que trabalha com pesquisa de danças regionais e tem a coordenação da filha do mestre que faz organização das coreografias e figurino. Todo os trabalhos desenvolvido na MUSARTE tem como objetivo resgatar as nossas riquezas da cultura popular.

  • Vidéo apresentação do Grupo Dandiê que trabalha com pesquisas de danças regionais do Estado do Piauí.

Festival de Bandas de Teresina


  • O Festival de Bandas de Teresina reune há mais de vinte anos no teatro de arena, na praça da bandeira, centro de Teresina, durante a semana da música no mês de novembro, as bandas de músicas civis e militares, amadoras e profissionais da cidade de Teresina e região para três dias de troca de experiência entre as diferentes gerações de músicos que aqui se apresentarão com suas bandas.


Expressando a magia e o encanto pela música a Prefeitura Municipal de Teresina através da Fundação Cultural Monsenhor Chaves promove anualmente o "FESTIVAL DE BANDAS DE TERESINA". O evento que não tem caráter competitivo, é uma amostra musical e um momento de congraçamento e intercâmbio entre os diversos grupos tradicionais participantes.

O Festival de Bandas de Teresina, em todas suas edições realizadas até hoje tem sido uma mostra musical que une o tradicional e o inovador com a participação de bandas de músicas locais e convidadas de outros municípios e outros estados. Um verdadeiro resgate da cultura e da tradição das bandas de música no Piauí e em nossa região.


  • O Festival de Bandas de Teresina tem uma grande significação para a música instrumental da nossa região. É um palco para revelações de grandes talentos musicais para a nossa cidade; é um espaço democrático onde se pode ouvir desde o sopro dos jovens músicos iniciantes das bandas escolas até a técnica apurada daqueles que são as referencias nas bandas de músicas profissionais.

  • Vidéo realizado por ocasição do I Campeonato de Bandas do Estado do Piauí realizado em 2008. A Banda Escola Reginaldo Carvalho apresentou-se sob a regência da maestrina Emyllia Santos.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Maestro José Antonio Nascimento


Maestro José Antonio Nascimento
  • O maestro José Antonio da Silva Nascimento, natural de Canavieiras, Bahia, é bacharel em Jornalismo pela UNICEUB, licenciado em Música pela UNB e pós-graduado em Capacitação em Docência para o Ensino Superior. Estudou fagote com os professores Jean Pierre Beriloz, Hugo Pestana e Noel Devos. É oficial RR da Força Aérea Brasileira, onde atuou com destaque como músico, sendo responsável pela transformação da Banda de Música da Base Aérea de Brasília em uma Banda Sinfônica.

É professor de música da Rede Oficial de Ensino do Distrito Federal e atual regente da Banda Sinfônica de Sobradinho, DF, primeiro secretário da Confederação Nacional de Bandas e Fanfarras e professor do I Curso de Aperfeiçoamento de professores regentes de bandas da Secretaria de Educação do Distrito Federal.

Um dos trabalhos que atualmente o maestro Nascimento vem desenvolvendo é a coordenação e regência da banda sinfônica de Sobradinho - DF.

  • A Banda Sinfônica de Sobradinho foi criada em 1994 e hoje é formada por 62 integrantes. Entre eles, alunos das escolas púbicas e pessoas da comunidade. O trabalho conta com o apoio do NIEC - Núcleo de Integração Escola Comunidade, da Diretoria Regional de Ensino de Sobradinho. Os ensaios ocorrem no Teatro de Sobradinho e sempre, no final e no meio do ano, são abertas inscrições para aqueles interessados em fazer parte do grupo.

  • O vidéo a seguir é uma entrevista com o maestro Nascimento que fala do trabalho que o mesmo desenvolve a frente da banda sinfônica de Sobradinho - DF .



domingo, 25 de outubro de 2009

Música é Festa; é Competição!


  • Este final de semana estive em Belém - Pa, para participar como jurado do III Campeonato Paraense de Bandas. O evento organizado pela Associação Musical da Amazônia (AMA), que é presidida por Jorge Sales, contou com 52 corporações musicais de vários municipios do Pará que buscavam dentro de diversas categorias, vagas para participar do XVII Campeonato Nacional de Bandas organizado pela Confederação Nacional de Bandas (CNBF).

Quero parabenizar as corporações musicais que participaram deste concurso e desejar boa sorte para as vencedoras que conquistaram a oportunidade de ir mais longe em busca de seus sonhos. Quero também parabenizar aos organizadores desse evento juntamente com todo seu corpo de jurados (Armando, Lobato, Jesus, etc), que juntos, dividimos a responsabilidade de julgar as apresentações das corporações participantes dentro de vários aspectos, conforme prevê o regulamento da competição.

Esse trabalho desenvolvido atualmente pelas associações e federações de bandas brasileiras, prima pela qualidade técnica das bandas e já se refleti no desenvolvimento cultural da música instrumental brasileira. As bandas que participam destas competições têm a preocupação de tocar cada vez melhor exigindo o máximo de seus componentes na busca pela perfeição em suas apresentações. O resultado, é uma melhoria técnica na formação dos jovens músicos que participam deste movimento que estarão mais preparados para o mercado de trabalho.

No Piauí, este trabalho começou desde de 2007 com a criação da Federação de Bandas do Estado do Piauí (FEBEPI), e a realização do I Campeonato de Bandas do Estado do Piauí, realizado em junho de 2008 com o apoio da Prefeitura de Teresina através da Fundação Monsenhor Chaves (FMC) e da Secretaria municipal da Juventude (SEMJUV). O resultado foi excelente, a ponto daquelas pessoas que realmente fazem o movimento de bandas em nosso Estado, compreenderem a sua importancia para sobrevivência da nossa tradição musical.

Agora, novamente, em dezembro de 2009, estamos organizando através da FEBEPI, para os dias 19 e 20, a realização do II Campeonato de Bandas do Estado do Piauí. Desta vez estamos quase sozinhos (sem os apoios), mas não vamos desistir. Reconhecemos que estamos mudando a nossa própria história, basta ver a visibilidade e o respeito que o movimento de bandas do estado do Piauí tem ganhado nos últimos anos dentro do cenário musical regional e nacional.

  • Hoje é bastante notório a melhoria do desenvolvimento técnico dos novos músicos de sopro e percussão disponíveis no mercado musical local.

Sabe quem é o responsável por essa melhoria?

  • Resposta: As nossas BANDAS DE MÚSICA.

As bandas são polos descentralizador de arte e cultura, que deve chegar a todos, cada vez em melhores condições.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Banda Sinfônica 16 de Agosto de Teresina

Banda Sinfônica 16 de Agosto

  • Criada em 11 de setembro de 1968 na administração do prefeito Jofre do Rêgo Castelo Branco, com um efetivo de 17 músicos. A banda teve como seu primeiro regente o mestre de banda e militar aposentado da PMPI, o Sr. Jorge Tavares da Silva.
É uma corporação musical por onde já passaram grandes músicos e mestres que prestaram seus serviços contribuindo para o engrandecimento desta briosa banda de música, dentre eles os mestres: Jorge Tavares, seu fundador; Luis Santos, que a conduziu em momentos de glória em festivais nacionais; e João Aguiar Costa mais recentemente. Em sua primeira formação era composta por músicos aposentados da PMPI.
  • Representou o Estado do Piauí em 1977 no Concurso Nacional de Bandas de Música na cidade do Rio de Janeiro organizado pele Rede Globo de Televisão e a FUNARTE. Na oportunidade a era conduzida pelo maestro Luiz Santos. Em 1978 representou novamente o Piauí na cidade de Belém (Pa) em outro festival organizado pele FUNARTE.

Banda 16 de Agosto (foto 1987)
  • Em 2008, ao completar 40 anos de existência, sob a administração municipal do Prefeito Silvio Mendes, do Professor José Reis Pereira na FCMC, direção musical do maestro Antônio Marmos Linhares e coordenação do maestro Rocha Sousa, a banda atinge uma das suas maiores conquistas, ganhando novos instrumentos e novos conceitos de organização. Com a aquisição dos novos instrumentos, a banda passa a ter uma instrumentação de banda sinfônica, estando os naipes das madeiras, dos metais e da percussão representados na sua integridade, totalizando 63 músicos.


Banda de Música da Policia Militar do Piauí

Banda PMPI
  • A instituição Policia Militar do Estado do Piauí foi criada em 1835 e por questões principalmente de orçamento publico disponivel, somente teve efetivado a criação de uma banda de música em seus quadros em 1875 a parti da transformação da banda de música do Internato Artistico da capital (ex-banda Lira dos Educandos Artificies) em banda de música da corporação. Toda tradicão musical de décadas das banda de música civis que lhe antecederam foi incorporada pela Banda da PMPI, o que a faz ter uma relação histórica com a música no Piauí de pelo menos 160 anos de tradição. É uma instituição musical consolidada históricamente mas, que é pouco valorizada pelos orgãos culturais do Estado do Piauí.
Criada em 17 de julho de l875, conforme lei Nº 909 no governo de Delfino Cavalcante de Albuquerque, em princípio foi denominada de Banda de Música do Corpo de Policia da Provincia do Piauí, depois passou a ser Banda da Força Pública do Estado e somente mais tarde veio a nomeclatura "Banda de Música da Polícia Militar do Piauí".
Sua história tem inicio em 1848 na cidade de Oeiras - Pi como banda do estabelecimento dos Educandos Artífices e mais tarde, depois de uma rápida passagem pelo Internato Artistico da Capital, em 1875 foi transformada em Banda de Música do Corpo de Policia. Embora tenha sido transformada em uma banda militar, convivendo a parti de então em ambiente de caserna, a banda de música da PMPI não perdeu sua vocação social e continuou atuando como faz até hoje em meio a sociedade, animando suas festividades sociais e religiosas, fazendo parte da vida das pessoas em seus momentos mais solenes.

OS MESTRES DA BANDA PMPI AO LONGO DE SUA HISTÓRIA
Organizamos nesta pesquisa um resgate histórico inédito dos maestros que foram responsavéis pelas ações da Banda PMPI ao longo de sua história. A lista obedece uma ordem cronologica a medida que os maestros foram se sucedendo no decorrer de sua história como seus legítimos maestros regentes:
  • Ten Pedro Sanches, maestro fundador da banda (1875);
  • Ten Pedro Alcantara Filho, maestro que há conduziu do final do sec. XIX ao inicio do sec. XX;
  • Ten Cornélio Pinheiro, maestro que há conduziu na década de 10 do séc. XX;
  • Cap Tomaz Pedreira, maestro que há conduziu na década de 30 do séc. XX;
  • Cap Sebastião Simplicio, maestro que há conduziu década de 50 do séc. XX;
  • Cel Luiz Santos, maestro que há conduziu na década de 60 do séc. XX;
  • Cel Elizeu Nascimento, maestro que há conduziu na primeira metade da década de 70 do séc. XX;
  • Cap João Aguiar Costa, maestro que há conduziu na segunda metade da década de 70 do séc. XX;
  • Cap Simplicio de Moraes Cunha, maestro que há conduziu na primeira metade da década de 80 do séc. XX;
  • Cap Raimundo Nogueira, maestro que há conduziu na segunda metade da década de 80 do séc. XX;
  • Cap Alziro Rosa, maestro que há conduziu na segunda metade da década de 80 do séc. XX;
  • Ten José Elton OLiveira, maestro que há conduziu na primeira metade da década de 90 do séc. XX;
  • Cap Gonsalo Rodrigues Nobre, maestro que há conduziu na segunda metade da década de 90 do séc. XX;
  • Ten Atenor Aguiar Teixeira, maestro que há conduziu na transição do sec. XX para XXI;
  • Cap Sebastião de Freitas Cunha, maestro que há conduziu no inicio da primeira década do séc. XXI;
  • Cap Isácio dos Santos, maestro que atualmente há conduz.

Video com apresentação da Banda PMPI no XVII Festival de Bandas de Teresina realizado em novembro de 2009.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A Música das Procissões


  • "Convocada toda a tripulação, fez-se um enorme cortejo de mais de 1000 homens. “Cantando em maneira de procissão”. Com os estandartes da Ordem de Cristo bem erguidos à sua frente, os homens seguiram até o local “onde nos parecera melhor fincar a Cruz, para ser melhor vista”. Vários índios logo se juntaram à procissão e ajudaram a carregar a Cruz diante da qual se renovaria o Santo Sacrifício do Calvário".

PS. Pero Vaz de Caminha em sua carta relatando o ato que ficou para sempre imortalizado na história como “A Primeira Missa”).

  • A Procissão está presente como manifestação religiosa do povo brasileiro, do primeiro momento do descobrimento por Pedro Alvares Cabral até os dias atuais.

Segundo nos conta o pesquisador Leonardo Dantas, a presença da banda militar no acompanhamento das procissões fez surgir a necessidade da criação de um estilo de marcha próprio a ser executado durante a realização dos préstitos religiosos. Uma marcha que, diferente do dobrado e da marcha militar, fosse mais lenta, permanecendo o seu andamento de 80 a 100 seminimas por minuto.

Um adamento compatível como o passo das irmandades, devotos e seguidores das procissões. Marchas processionais, marcadas pelas pancadas cadenciadas do surdo e o retinir de pratos, como as operas de Verdi (Aida), Mozart (A Flauta Mágica) e Wagner (Os Mestres Cantores).

As chamadas marchas de procissão continuam presentes no repertório das bandas, militares e civis, executadas com garbo durante o acompanhamento dos préstitos religiosos que acontecem em nossas ruas, podendo ser cantadas com acompanhamento da banda ou simplismente executadas no estilo dos dobrados.

  • Gênero de dificil composição, a marcha de procissão tem como seu principal representante no Estado do Piauí, o mestre de banda e compositor Sebastião Simplicio que nos deixou várias pérolas que são bastante executadas pelas bandas da cidade de Teresina. Dentre as marchas de procissão de sua autoria, podemos citar: Dagmar; Sentimental; Santa Cecilia; Bom Jesus dos Passos; Senhor Morto; Gloria ao Cristo Rei, dentre outras.

O Vidéo abaixo apresenta um destes momentos simbolo da fé do nosso povo: a Procissão de Santo Antonio em Campo Maior - Pi.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O Choro em Teresina - por Laura Macêdo

Turma do Chorinho de Teresina - década de 70
  • Este post foi originalmente publicado no bloger de Laura Macêdo em novembro de 2008. Tomei a liberdade de publicá-lo novamente dando os devidos créditos a sua pesquisadora. Nele a Laura faz um resgate e uma justa homenagem ao chorinho piauiense, destacando os músicos e grupos de choro que atuavam na década de 70 e os que atuam no presente.

O Choro já tem quase 150 anos de história e o notável é que continua como um vulcão em ebulição, irradiando lavas férteis nas novas gerações e, com isso, assegurando, felizmente, pelos séculos vindouros safras cada vez melhores de músicos e apaixonados divulgadores do Choro.

  • Documentário sobre história evolução do choro no Brasil realizado em 1974.

É na década de 1970 que o Choro deixa sua marca na cidade de Teresina, com o surgimento de alguns grupos, destacando-se a "Turma do Chorinho", que tinha cadeira cativa na Rádio Difusora de Teresina, apresentando-se sempre às terças-feiras.
A história da formação desse grupo foi semeada pelo clarinetista e saxofonista Abel Ferreira, quando de sua passagem em nossa cidade. Ao dirigir-se ao público, repetidas vezes, ele incentivou os piauienses a formarem grupos de Choro - e a semente frutificou. (Foto abaixo da 1ª formação da "Turma do Chorinho").

  • Da dir para esq: Benedito Gomes da Silva (ritmo), Carlos Guedes da Silva (cavaquinho e violão), Raimundo Lopes Ferreira (ou Raimundo Elisário - violão convencional), José Maria Doudement (violão 7 cordas), Bruno do Carmo (violão/guitarra/bandolim/cavaquinho), Simplicio de Moraes Cunha (clarinete/saxofone), José Lopes dos Santos (flauta/saxofone).
Paralelamente às apresentações na Rádio Difusora e ampliando cada vez mais o repertório com choros de Pixinguinha, Abel Ferreira, Benedito Lacerda, Waldir Azevedo, Jacob do Bandolim, Sivuca, Zé Menezes, Ernesto Nazareth, Garoto e outros, a Turma do Chorinho passou a reunir-se às sextas-feiras em clubes sociais e/ou residências particulares tocando muito chorinho e também músicas de seresta. Participou de várias edições do "Concerto em Família", promovido pelo setor de Artes da Universidade Federal do Piauí.
Essa turma atravessou as fronteiras do Piauí, e, no dia 2 de julho de 1978, apresentou-se em Brasília (DF), dando o testemunho de que o Piauí também acolhera com sensibilidade esse gênero musical.A foto abaixo registra a Turma do Chorinho tocando na solenidade de troca da Bandeira Nacional.

Nessa apresentação em Brasília foram incorporados ao grupo o trombonista e trompetista José de Ribamar Isidório Soares e o ritmísta João de Deus Silva, também cantor, passando de sete a nove os componentes da Turma do Chorinho, como demonstra a foto abaixo.

Na coluna de trás: Benedito e João de Deus; no centro: Raimundo Elisário, Bruno. Doudement e Guedes; na frente: Ribamar, Simplício e Zé Lopes.

A Turma do Chorinho voltou de Brasília estimulada para novas empreitadas, mantendo acesa a chama pelo Chorinho. Hoje a quase totalidade dos seus integrantes não está entre nós, mas o entusiasmo pelo Chorinho persiste em solo piauiense, com o Grupo Trombone & Cia, liderado pelo músico Vando Barbosa.

Com cinco anos de existência, o Trombone & Cia permanece praticamente com a mesma formação, tendo ocorrido apenas duas alterações. Há no grupo uma grande diversidade de faixa etária, variando entre 19 e 74 anos, favorecendo uma riquíssima troca de experiências entre seus integrantes. Hoje o Trombone & Cia conta com a seguinte formação:
  • Vando Barbosa (Trombone/Flauta Doce); Mestre Colombo (Violão, Bandolin e Cavaquinho); Raniel Santos (Saxofone); Beto (Cavaquinho); Marcel Régis (Violão 7 Cordas/Cavaquinho); Tuca Maia (Baixo); Wilmar Barbosa (Flauta); Alexandre (Surdo); Wesley (Pandeiro).
O foco do trabalho desse grupo é a música instrumental brasileira, com destaque para o Choro e as composições dos grandes Chorões brasileiros que fizeram história nesse gênero musical. Mas o grupo executa, também, maxixe, polca, gafieira, salsa, valsa e samba.
As apresentações são semanais, sempre às quintas-feiras, a partir das 21:00 h, no Clube do Choro de Teresina que funciona no Espaço Cultural Trilhos, na antiga estação ferroviária, no centro da cidade.

O Trombone & Cia também realiza shows, bailes e participa de eventos oficiais de relevância, no Piauí e outros estados da federação, como:

  • Festival Artes de Março; Festival de Bandas de Teresina; Salão Internacional de Humor do Piauí; Festival de Inverno de Pedro II; Salão do Livro do Piauí; Semana Cultural Possidônio Queiroz, em Oeiras - PI; Festival Mel, Chorinho e Cachaça, em Viçosa - CE; I Semana Fontes Ibiapina , em Picos - PI; Projeto Nação Piauí, em Brasília; II Festival de Música Instrumental do BNB, em Fortaleza - CE; III Festival Nacional do Choro do Rio de Janeiro - RJ e I Festival do Choro de Teresina.

A realização deste último evento foi um prêmio para os Chorões piauienses. Nos três dias do Festival aconteceram vários Workshop de Choro e rolou muito chorinho com músicos do naipe de Marco Pereira, Gabriel Grossi, Zé da Velha, Silvério Pontes, Nailor Proveta e a prata da casa.

O Grupo Trombome & Cia, como a grande maioria dos grupos musicais, infelizmente conta com reduzido apoio das instâncias culturais do Piauí, nas esferas estadual e municipal. Mas o amor/paixão à arte de tocar e encantar prevalece nesses excelentes músicos que, aos "trancos e barrancos" mantêm viva a chama do Choro.

PALMAS PARA O CHORINHO PIAUIENSE!!!!!
Por Laura Macêdo

Fontes de Pesquisa:

  • "A vida e seus caminhos... ", 2º vol, de José Lopes dos Santos(um dos integrantes da Turma do Chorinho, já falecido).
  • Depoimentos colhidos com os integrantes do Trombone & Cia.
  • Fotos e observações pessoais de quem curte e marca presença todas as 5ª feiras, no Clube do Choro de Teresina.

O Vidéo abaixo apresentado no programa "RECONTAR" da Tv Assembleia (PI) no ano de 2009, serve para ilustrar este trabalho de pesquisa da Laura Macêdo.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A Música do Piauí - Anos 60 - por Geraldo Brito

Radio Difusoura (Teresina 18-07-1948)
  • A revista Cadernos de Teresina, uma publicação da Prefeitura Municipal de Teresina através da Fundação Cultural Monsenhor Chaves, tem possibilitado aos pesquisadores locais, um espaço para publicação de suas pesquisas através de artigos. É o caso do músico pesquisador Geraldo Brito que publicou um artigo intitulado "A Música do Piauí - Anos 60". Neste trabalho Geraldo faz um recorte histórico do movimento da musica popular urbana na cidade de Teresina nos anos 60.
"Inicio dos anos sessenta na Distanteresina, como diria o poeta Torquato Neto. Uma cidade até então calma, com uma ou duas avenidas e poucos automóveis. Mesmo assim, no aspecto musical, poderíamos observar programas de calouros e, vez por outra, a presença de uma astro ou estrela de renome nacional, sempre acompanhados pelo Regional Q3, conjunto pertencente ao quadro de funcionários da Rádio Difusora de Teresina, a pioneira no campo radiofônico da capital, uma vez que a primeira emissora de rádio do Piauí foi a Rádio Educadora de Parnaíba.
Como toda emissora que se prezasse, naquela época a Difusora possuía seu conjunto regional. Entende-se por conjunto regional: o agrupamento instrumental de música popular composto por dois violões, cavaquinho, bandolim, pandeiro, flauta, que surgiu na segunda metade do século XIX, através do flautista carioca Joaquim Antonio Callado, e que foi desenvolvido por outros compositores, entre os quais Anacleto de Medeiros.
Com a aparição do disco elétrico em 1927, e principalmente do rádio em 1935, começaram a surgir os grupos de acompanhamento para os ídolos de massa do Brasil – os cantores. Voltando ao nosso convívio, o regional da Difusora era composto por: Antonio Simplício (acordeon), Carlos Guedes (cavaquinho), Panfílio Abreu (violão), José Maria Doudment (violão de 7 cordas), Bruno do Carmo (bandolim/violão). Outros músicos como: José do Baião (sanfona) e Chico Sanfoneiro tiveram participações neste regional, que acompanhava cantores piauienses, como por exemplo: Totó Barbosa, João de Deus, Delmir Chaves, Clemílton Silva, Dagmar Pereira, Telva Neide, Francisco Guimarães, Damasceno, Helena Núbia, Walcir Moreira e eventualmente José Eduardo pereira e José Lopes dos Santos (flauta), que compunham a diretoria da emissora.
  • No decorrer dos anos cinqüenta e sessenta, o Regional Q3 acompanhou também estrelas de renome nacional, como: Ângela Maria, Carlos Galhardo, Núbia Lafayette, Dalva de Oliveira, Cauby Peixoto, Sivuca, dentre outros artistas internacionais como: Juanito Venâncio, Bievenido Granda e Roberto Lazama.
Era tempo da Voz de Ouro ABC, uma espécie de festival a nível nacional que selecionava os melhores cantores de cada Estado, havendo depois uma finalíssima para a escolha do melhor cantor brasileiro. Tivemos participação nesse concurso de alguns intérpretes como Dalmier Chaves. Em 1960, surgiu a Rádio Clube de Teresina, que não tinha um elenco de músicos definido, como a Rádio Difusora, mas que eventualmente apresentava os seus programas com calouros, como analisa o músico Edilson Freire, que na época participava dos regionais e atualmente é tecladista no esquema da noite.
Em 1962 surge outra emissora de rádio. Desta vez a Rádio Pioneira de Teresina, fundada pela arquidiocese e que contribuiu bastante no âmbito musical, contando em suas instalações com um auditório para apresentações de programas de calouros e shows com astros nacionais. A nova emissora foi inaugurada com o seu conjunto regional composto por: Edilson Freire (sanfona), Ludimar (violão), João dos Santos (pandeiro), Chico Rosa (bateria), Carlos Guedes (cavaquinho) e Sansão (saxofone). Esse regional acompanhava também artistas como: Núbia Lafayette, Orlando Dias, Carlos Alberto, Alcides Gerardi e Vanderléia (em início de carreira).
Entre os anos sessenta e sessenta e três, um trio quebrava a monotonia da cidade e mandava ver uns bolerões bem conhecidos da época. Era o Trio Yucatan, composto por: Walter Sampaio, Silzinho e Mundicão. O nome do trio era uma homenagem à cidade de Yucatan, localizada no México, e foi sugerido por Miriam Lopes. Os rapazes logo conquistaram a cidade e eram os preferidos em festinhas de residências, de colégios e em gravações em jingles na Rádio Pioneira. Segundo Silzinho, Almeida Filho era quem empresariava o trio.
Aos poucos, a cidade foi se tornando pequenas para os interesses do trio. Em 1963 eles partem com destino a Brasília e São Paulo, chegando a gravar seis compactos e fazendo muitas apresentações em programas de TV, como no de Alfredo Borba na TV Excelsior. O trio foi desfeito em 1968, quando Walter seguiu rumo ao México, Mundicão fica em Brasília e Silzinho retorna a Teresina.
Em 1963, período de sucesso do Trio Yucatan, houve um recheamento de canções genuinamente piauienses como as de Levi Moura, irmão de Mundicão. Integrante do trio. É de autoria de Levi Moura a bonita canção “Você não Meditou”, interpretada por Rosinha Lobo nos anos 70 e que nos anos 80 foi gravada pelo piauiense Cabral Rios. Levi Moura foi morar no Rio de Janeiro, onde permaneceu até 1991, quando faleceu.
OS MILIONARIOS
O ano de 1963 rendeu outro fruto musical, como o conjunto Os Milionários. Neste ano, a Polícia Militar do Piauí, que outrora tivera em seu quadro uma Jazz Band animando as tradicionais tertúlias do famoso Clube dos Diários, na pessoa do seu comandante coronel Torres de Melo, pede ao professor Luis Santos (pertencente ao quadro da Polícia) que crie um conjunto musical no sentido de realizar um elo entre o público interno e externo.
O professor Luis Santos imediatamente agilizou a formação do conjunto que recebeu o nome de Os Milionários, numa justa homenagem ao compositor José Bispo. Os Milionários se tornou popular e o comandante, de tão grande entusiasmo, mandou trazer diretamente de Fortaleza a gravadora Orgacine, que, ao chegar, instalou-se nos estúdios da Rádio Pioneira.
A gravação do LP teve prensagem na RCA Victor de São Paulo. Dentre as canções que compunham o LP estavam: “Baião da Saudade” e “Simplício e seu Clarinete”, (de Luis Santos); “Milionário” (José Bispo); “Linda” (Bruno do Carmo) e “Olha a Bossa” (Simplício). Esse histórico LP foi gravado em 1965 e Os Milionários era composto por: Simplício Cunha (saxofone e clarinete), Edilson Setúbal (piano solovox), Artur Pedreira (bateria), Lourival Marques (baixo), Bruno do Carmo (guitarra), Gabriel Oliveira (percussão) e João de Deus (cantor). Segundo as informações do professor Luis Santos, o conjunto atuou de 1963 a 1970.
  • Em 1964 um novo cantor conquista a cidade verde. Era Herbert Arcoverde, muito talentoso e de voz agradável de se ouvir. Ele animava os programas de calouros e participava do elenco da Prata da Casa que se apresentava antes de shows de alguns astros renomados. Nessa época, as rádios apresentavam programas em que os locutores perguntavam ao público se preferiam ouvir determinada canção ao vivo ou em gravação. Na voz de Herbert, se situava a preferência dos ouvintes.
De 1964 para 1965, surge outro trio para alegrar os teresinenses. Era o Trio Guarany, formado por Bimba (violão e voz), Chico (voz) e Jesus (voz). O Trio Guarany animava as festas, participava de programas e tinha uma atuação quase que constante nos realizados pela Rádio Clube.
Em 1965, chega a Teresina o baterista Barbosa (famoso por fazer verdadeiras acrobacias com as baquetas) e com ele o também famoso conjunto Barbosa Show Bossa, incendiando o salão do Clube dos Diários. Tinha a seguinte formação: Colombo (guitarra), Orion (sax), Estelita Nogueira (cantora), Ivan Bandeira (vibrafone), Zé (baixo) e o próprio Barbosa (bateria). O acordeonista Antonio Simplício também integrou o B.S.B.
SAMBRASA
No início de 1967, após alguns conflitos que normalmente ocorrem em grupos musicais, o B.S.B foi desfeito e para preencher o enorme vazio deixado por eles surgiu imediatamente outro conjunto chamado Sambrasa, composto por alguns músicos do extinto Barbosa e acrescido de outros que estavam vindo do Ceará.
A primeira formação do Sambrasa foi com: Edmilson Morais (bateria), Zezinho Ferreira (baixo). Colombo (guitarra), Antonio Simplício (acordeon), Linhares (sax), Bossa (piston) e Vicente (cantor). O sucesso do Sambrasa foi o mesmo, culminando na gravação de um LP nos estúdios da Orgacine, em Fortaleza.
O disco contou com a produção do empresário Aerton Cândido Fernandes, que também participava do LP com a composição “Turma do C2H60, título de um dos blocos famosos do carnaval teresinense dos anos 60. O LP do Sambrasa foi muito bem recebido pelo público local. As rádios executavam, a toda hora, diversas faixas do disco.
Na época desta gravação, o conjunto já não mais contava com a presença do músico Antonio Simplício. Em meados de 1967, a cidade tornava-se ainda mais quente com a aparição de um conjunto tipicamente da jovem guarda.
  • Lena Rios, (cantora) que viveu este momento artistico da nossa cultura, nos dar seu depoimento através do Programa "Recontar" da Tv Assembleia - Pi.

OS BRASINHAS
Surgia Os Brasinhas, provocando uma tremenda reviravolta por parte do público feminino. Os Brasinhas era constituído por jovens cabeludos, como mandava o figurino, e todos genuinamente piauienses. Compunha o conjunto, em sua primeira formação, os músicos: Ernesto (bateria), Chico (guitarra solo), Paulo Vasconcelos (guitarra base), Sidney (vocal) e Getúlio (baixo).
Alguns meses depois, Os Brasinhas ganha a valiosa participação do guitarrista Assis Davis, um dos melhores músicos piauienses no que se refere à época da Jovem Guarda. Com a chegada de Assis, alguns meses depois, saem do conjunto Chico Vasconcelos e Ernesto, indo para a bateria o vocalista Sidney. Com esta formação Os Brasinhas conquistou, em pouquíssimo tempo, o público teresinense e de algumas cidades do interior por onde passava.
O conjunto ainda contou com a participação do saxofonista Pantico, que permaneceu por vários anos. Paralelamente, surgiu Os Metralhas, resultante da saída de Ernesto e Chico Vasconcelos dos Brasinhas. Juntaram-se á Rubito (baixo), Mário Lúcio (guitarra base), Paulo Chaves (cantor). A estréia aconteceu em frente ao prédio onde funcionava a loja Útil-Lar. Neste dia, Fernando Chaves tocou guitarra solo, em lugar de Chico Vasconcelos. Após Os Brasinhas e Os Metralhas, foram surgindo, pouco a pouco, outros conjuntos como Os Lords, Os Tangarás, The Dandies, Os Fantasmas, The Sammers, Zé e Seus Quatros Azes.
  • Video-reportagem (programa Interferência da Tv Antares) sobre a música dos anos 60/70 com os integrantes da banda "Os Brasinhas".

O POETA TORTO
Em 1967 mais um outro piauiense ganha destaque no cenário musical do país. Era Torquato Neto, um dos artífices do movimento Tropicália, juntamente com Caetano Veloso e Gilberto Gil. Torquato Neto ainda hoje é destaque em jornais, como a Folha de São Paulo, Jornal do Brasil e em especiais de TV, como o que foi mostrado pela TV Manchete, em 1992, com a direção do cineasta Ivan Cardoso.
  • Seção da Câmara Municipal de São Paulo realizada no ano de 2007 em Homenagem ao Poeta Compositor Torquato Neto.

Walcyr Moreira, B. Assis e César Bianchi eram os nossos compositores do carnaval. Eles gravavam suas composições em fita de rolo e divulgavam através das emissoras de rádio. As músicas eram bastante executadas e todos ligavam pedindo para ouvi-las.
Em 1969 existiu também em Teresina o conjunto Golden Girls, formado exclusivamente por mulheres. Este conjunto teve vida curta, embora tenha conseguido se apresentar em vários locais, como no auditório da Rádio Clube, onde futuramente seria instalado o da TV Clube. Neste mesmo ano surgiu na capital o cantor mirim Jurandir Vieira, causando uma grande sensação nos programas de auditório.

Possidônio Queiroz - Valsas Piauiense

  • O texto abaixo foi retirado do encarte do Cd "Valsas Piauienses" que faz um resgate da obra do compositor piauiense da cidade de Oeiras, Possidônio Nunes de Queiroz. Este trabalho teve a pesquisa e direção musical do maestro Emmanuel Coêlho Maciel.

A gravação deste CD representou, para os músicos da Orquestra de Câmara de Teresina Concertante, um grande desafio, teoricamente previsível, porém quase irrealizável, na hora de colocá-lo em prática, no estúdio de gravação , diante da precariedade geral que nos cerca.

  • Alguns defeitos técnico-musicais de interpretação das valsas, tais como mudanças de andamentos, fermatas, ataques precisos ou cortes, só poderiam ser melhorados se gravados em forma de recital (ao vivo) ou no estúdio, se todos os músicos gravassem juntos, obedecendo a interpretação do regente.

Além disso, tivemos que nos curvar à necessidade brutal de acomodar 11 valsas, cada uma com seu andamento expressivo próprio (lento ou rápido) em um único CD. Resultado: alguns andamentos não deveriam ser tão rápidos, e outros, deveriam ser mais lentos.

  • Se, para qualquer músico experiente, já é difícil gravar este gênero musical apenas com fones de ouvido, imaginem para alunos inexperientes.

Por isso é que nos obrigamos a reduzir o efetivo da Orquestra Concertante de onze para um sexteto. Moldamo-nos ás condições técnicas de gravação existentes em Teresina.

Além do mais, ao fazermos esta opção, levamos em conta, principalmente, as horas contratadas, ou seja, com a Orquestra completa (onze músicos) seriam necessárias muitas mais horas de estúdio, algo financeiramente impossível de se equacionar.

  • Quanto aos nossos jovens músicos de sopro, fizeram o máximo possível, ao usarem instrumentos emprestados, sem manutenção adequada (sendo uma das flautas até obsoleta) que dificultava o amalgamamento do naipe e a afinação.

Passo a Passo conseguimos superar esses e aqueles obstáculos, deixando à mostra um produto final, as “valsa Piauienses de Possidônio Nunes Queiroz” como marco definitico de um estágio musical validamente atingido no Piauí.”


Emmanuel Coelho Maciel

[Maestro responsavél pela pesquisa e gravação do Cd Valsas Piauiense de Possidônio Queiroz]

  • PS. Texto transcrito do encarte do CD “Valsas Piauiense” lançado em 1997.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Banda de Música do 25º Batalhão de Caçadores


Banda de Música do 25º Batalhão de Caçadores (Teresina-Pi - 1960)
  • A Banda de Música do 25º Batalhão de Caçadores foi criada em 16 de abril de 1918, através de portaria do Ministério da Guerra, que autorizou a aceitação de voluntários músicos para a formação de bandas e fanfarras em diversas unidades do exército.

Em 31 de agosto de 1918, foi designado “ensaiador voluntário”, o mestre Pedro Silva, que, com muita determinação deu os primeiros passos para a formação da Banda de música adida ao 25º Batalhão de Caçadores.

Desde então a Banda de musica vem atuando no cotidiano do batalhão, legando seu espírito de vibração às diversas formaturas e solenidades e atuando também nas outras unidades quem compõem a Guarnição Militar de Teresina, além de prestar seus valiosos serviços a comunidade de um modo geral, sendo assim um veículo difusor de cultura e comunicação social entre a força terrestre e o povo piauiense.

Em seu vasto repertório incluem-se peças eruditas de elevado nível técnico, musicas populares de todos os gêneros e épocas, além dos tradicionais dobrados, hinos e canções, inerentes ao cerimonial militar do exército e a marcialidade de suas tropas.

Atualmente tem como mestre o Ten Benedito Gonçalves Filho.

  • Historicamente a banda do 25 BC (como é mais conhecida), tem sido responsável pela realização de muitos intercâmbios musicais entre os músicos locais e outros músicos brasileiros que por ali passaram. Dentre os mestres e contra-mestres que à conduziram ao longo de sua história, podemos destacar: mestre Brigada Aristides; mestre Seguins; mestre Cariús; mestre Gonzaga; mestre Humberto; mestre Bruno; mestre Clessio; mestre Demerval; dentre outros.

Vidéo realizado em agosto de 2007, por ocasião das comemorações do dia do soldado com a Banda do 25 BC e músicos convidados da cidade de Teresina-Pi. [Regencia: Rocha Sousa; Solista: Emyllia Santos; Música: Saxofone Porque Choras].


sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Banda de Música da Cidade de José de Freitas - Pi

  • A Banda de Música Municipal Estrela do Norte da cidade de José de Freitas - Pi, foi fundada em 1910 por Gentil de Almendra Freitas, em virtude da necessidade de animar os bailes em alta naquela época. Até então animados pela Banda vinda da vizinha cidade de União.
Era o ano de aparição do cometa "Halley", e surgiria nos céus desta terra, mais exatamente ao Norte. Daí o nome Banda Estrela do Norte. Após o ano de 1955, quando da passagem do sargento Luiz Santos, a banda permaneceu desativada por várias décadas, período em que se formaram vários grupos particulares que animavam nossas festas.

  • Em 1993, por manifestação popular, no governo do então prefeito Fernando Freitas, volta a José de Freitas, o já conhecido, maestro Luiz José dos Santos, maestro renomado, formando um novo grupo que recebeu o nome de BANDA ESTRELA DO NORTE, em homenagem à antiga formação, permanecendo na regência até 1995.
Atualmente a banda é municipalizada por Lei, possui regimento registrado em cartório, está instalando a Escola de Música Luiz José dos Santos, sob a coordenação do Prof. e Músico Ronaldo Campos Chaves e conta com um efetivo de 18 músicos, tendo a mesma se apresentado em diversas cidades do estado, bem como no Festival de Bandas de Teresina, com notório reconhecimento no meio artístico-musical.

  • Recentemente a Banda de Música Estrela do Norte foi PREMIADA com r$ 20.000,00 através da FUNARTE, para compra de novos intrumentos musicais para a escola de música da cooporação.

Mestre Manoel Fabiano de Batalha - Pi

Mestre Manoel Fabiano
  • MANOEL FABIANO – Músico, compositor e mestre de banda piauiense natural da cidade de Batallha-Pi atuando no meio musical deste a juventude, deixando uma obra musical muito rica e presente até hoje no repertório das banda de música.
  • Publicaremos a seguir um artigo sobre o mestre Fabiano publicado por volta do ano 2000 no jornal "O Dia" da cidade de Teresina, assinado pelo jornalista Raimundo Cazé.
Há mais de duas décadas, tive a honra de receber, em minha casa, a visita de um senhor de 102 anos de idade, trazendo consigo um saxofone. Era Manoel da Costa Lima (Manoel Fabiano), que eu já sabia ser o autor de Momentos Felizes, a mais bela composição musical piauiense.
Da visita de Fabiano resultou uma matéria de página no jornal da Manhã, do qual eu era editor, à época. Fui informado de que a matéria surpreendeu as autoridades da Secretária de Cultura do Estado, mas não tive conhecimento de nenhuma ação no sentido de resgatar a vasta obra do grande compositor de Batalha, que veio há falecer quatro anos depois.
Recentemente sou despertado por um admirador de Fabiano, o Borginho, que me falou de dois CDs contendo quase toda a oba do mestre. Adquiri apenas um volume, o que contém Momentos Felizes. Ao ouvir a gravação, surpreendi-me: a maior obra de Manoel Fabiano não é Momentos Felizes, e sim Francisco de Lourdes.
O dobrado Torres de Melo, que também está no CD, só teria a notoriedade merecida se tivesse sido gravado por uma banda inteira, tal como foi apresentado em São Paulo, pela Banda de Música da Policia Militar, por ocasião de encontros nacional de bandas.
Os idealizadores da gravação como a obra de Manoel Fabiano foram os seus próprios familiares, quase todos músicos, e não existe na capa do lançamento sinais de participação de nenhum órgão público, o que torna o trabalho ainda mais meritório.
Ouvidos mais exigentes haverão de constatar algumas deficiências na produção, o que seria perfeitamente explicável. Porem a providência mais importante foi tomada. O trabalho foi feito em cima dos originais deixados em partituras, pelo próprio autor.
Dessa forma, qualquer crítica que venha a ser feita sobre o trabalho intitulado "Alvorada Batalhense", só terá valor se partir de alguém que tenha condições de fazer mais bonito. Eu não me atreveria, na condição de musico, a sugerir aos programadores musicais das emissoras de rádio de Teresina que quanto a tocar o CD com as músicas de Fabiano. Eles poderiam se sentir constrangidos, por não se tratar de bandas do Ceará ou Bahia. Contudo, peço, humildemente, que as pessoas que navegam na internet se encarreguem de mostrar para o mundo a fantástica obra de Manoel Fabiano.
Acredito que, a partir dessa providência, os músicos não mais terão o dissabor de ver, no almanaque da música, a palavra “autor desconhecido”, frente de Momentos Felizes.
  • Obs.: Este artigo foi escrito por volta do ano 2000, no jornal "O Dia" da cidade de Teresina, pelo Jornalista Raimundo Cazé. Mestre Fabiano faleceu no dia 06 junho de 1992, com 108 anos, mais continua vivo através de sua obra musical.

PS. O CD Alvorada Batalhense I e II que resgata a obra do mestre Fabiano foi produzido por George Machado Tabatinga

Sobre a "Valsa Momentos Felizes", Consta que ainda em vida o próprio mestre Fabiano, dizia que a mesma fora composta em meados de 1918, numa viagem que empreendera no lombo de um jumento, de volta a Batalha, depois de um animado e concorrido baile que tocara na Piracuruca de Nossa Senhora do Carmo. Cansado, parou para descansar, quando o sopro de sua aguçada e audaciosa inspiração, lhe trouxe à tona a valsa que se tornaria, em pouco tempo, um lenitivo para os ouvidos mais exigentes.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A Banda de Música e Os Desfiles Cívicos

Banda do 25 Bc - Teresina-Pi
  • A vida urbana moderna nas cidades reservou com certeza um lugar para o som das bandas de músicas em muitos momentos, dentre estes: nos desfiles cívicos do dia 07 de setembro; e tantos outros, como inaugurações, procissões e missas, e outros de pura folia, como as “bandas” carnavalescas e de rua.
Erroneamente associados ao período militar brasileiro - que não criou, mas apenas incentivou eventos desta natureza - os desfiles cívicos parecem, não ter perdido a enorme popularidade de que gozavam há várias gerações.
Por exemplo, durante o período do Estado Novo, 1937-1945, houve uma preocupação do governo Getúlio Vargas em estimular o sentimento patriótico nas escolas e agremiações civis. O aspecto mais incisivo desta prática na área musical foi a organização, a cargo do maestro Heitor Villa-Lobos - compositor, didata e maior expoente da corrente nacionalista na música brasileira - dos Orfeões.
O fim do Estado Novo e do movimento orfeônico deixou um vácuo que foi parcialmente preenchido pelas Bandas de Músicas, agremiações musicais de inspiração européia cuja tradição entre nós remonta desde o Império. Estas passaram a encabeçar os desfiles cívicos, observados em várias datas, mas, concentrados no dia da Independência do Brasil, 07 de setembro.
Com o surgimento do rádio e a indústria de entretenimento a banda deixou de ser a principal alternativa de entretenimento, mas nunca deixou de ser uma séria alternativa de afirmação musical na vida das cidades.
Um exemplo é a Prefeitura de Teresina que utiliza a banda de música como elemento de formação de jovens através de um Projeto de Bandas-Escolas que mantém 23 bandas em diversas localidades da cidade. Em muitas outras cidades brasileiras o movimento de bandas tem crescido muito, principalmente pela força da cidade e das comunidades.
  • No estado do Piauí, hoje existem cerca de 70 bandas em funcionamento segundo dados da FEBEPI (Federação de Bandas do Estado do Piauí). Dentre estas estão: Banda de Música da Polícia Militar do Piauí (1875); Banda de Música Municipal de Parnaíba (1898); Banda de Música Municipal de Barras do Maratoan (1911); Banda de Música do 25 BC na cidade de Teresina (1918); Banda de Música Municipal de Picos (1942); e a Banda Sinfônica Municipal 16 de Agosto da cidade de Teresina (1968).
A título de esclarecimento, convenciona-se que as bandas de músicas são grupos instrumentais compostos exclusivamente por instrumentos de percussão, instrumentos de sopros de metal e instrumentos de sopro de madeira. As bandas diferenciam-se das orquestras (além, é claro, da finalidade diversa) pela ausência de instrumentos de cordas.
  • Vidéo com desfile do Comando Militar do Sul ao som do Dobrado Batista de Melo.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O Arranjo Musical [3]


  • Para-se tornar um bom arranjador é necessário um grande conhecimento musical, pois esta atividade engloba muitos elementos diferentes. Para alcançar os objetivos de um bom arranjo, o músico deve dominar aspectos como: criação da base rítmica, contracantos e linhas de baixo (acompanhamento harmônico de base); a criação da base rítmica deve utilizar a métrica e variações de ritmo, tais como a síncope, que caracterizam cada estilo.
"Nanã" [Moacir Santos] Arranjo de Wilson das Neves

A matéria prima de um arranjo é a melodia cabendo ao arranjador a liberdade de hamonizá-la, ritmá-la  e instrumentá-la de acordo com o seu propósito.

"Nanã" [Moacir Santos] Arranjo de Lyrio Panicali

Fazer um arranjo implica em preparar uma composição musical para a execução por um grupo específico. Este grupo pode ser tanto de vozes quanto de instrumentos musicais. O ideal é que façamos o arranjo de modo próprio, ele deve estar adaptado de acordo com o nível musical do grupo. Para isso o arranjador tem que conhecer o grupo, seus pontos fracos e fortes. Resumindo, temos que ter claramente na cabeça "para quem" está direcionado o arranjo.

"Nanã" [Moacir Santos] Arranjo de Moacir Santos

Conhecer a capacidade técnica de quem irá tocar o arranjo, trará ao arranjador uma melhor percepção do que se pode escrever em relação à tonalidade, ao fraseado, aos ornamentos, ao grau de dificuldade de interpretação e todos os fundamentos que poderão enriquecer e embelezar o arranjo.

"Nanã" [Moacir Santos] Arranjo original do autor gravado nos discos "Coisas" 1965 e "Ouro Negro" 2001

A finalidade de se fazer um arranjo pode ser inúmeras, e objetivos estéticos e os conceitos de belo ou agradável não podem ser objetivamente definidos. Pode servir para criar um contraste, não necessariamente mais belo, por exemplo, cenas de terror e suspense precisam de trilhas sonoras que causem um certo desconforto, dentre muitos outros exemplos.

"Nanã" [Moacir Santos] Arranjo do maestro Branco
  • O arranjador deve ser um músico especializado e experiente. Do arranjador é exigido um corpo de conhecimentos que envolve muito da composição musical, com todas as ferramentas e técnicas composicionais habitualmente colocadas à disposição do compositor, das quais ele não pode prescindir ou desconhecer sob o risco de não exercer o domínio sobre o resultado buscado.
O arranjo na música popular sempre desempenhou papel fundamental nos processos de constituição e desenvolvimento desta música, cabendo aos arranjadores responsabilidade tão marcante e decisiva quanto a dos compositores ou intérpretes.

  • Os vídeos desta postagem apresentam a música "Nanã", composição de Moacir Santos com letra de Mario Teles com diferentes arranjos na visão de vários arranjadores. A idéia é passar através dos diversos arranjos uma visão didática de como uma mesma música pode ter diferentes arranjos sem perder sua identidade melódica e estar de acordo com a finalidade que lhe foi proposta. "Nanã" ou "Coisas nº05” é uma música que foi gravada originalmente no disco "Coisas" de Moacir Santos em 1965 e em seguida ganhou o mundo tendo hoje mais de 150 gravações por diversos artistas internacionais.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Rapsódia Sertaneja - Para Banda de Música

  • Neste trabalho, segui as pegadas deixadas por muitos pesquisadores e compositores brasileiros que através de suas obras deram uma grande contribuição para as futuras gerações com valiosíssimos trabalhos de pesquisa que resgatam e dignificam a música folclórica nacional, como, Mario de Andrade, Villa Lobos, Guerra Peixe, Reginaldo Carvalho, Emmanuel Coêlho, entre outros.

A forma de arranjo utilizada é bastante comum entre os compositores eruditos que utilizam temas populares ou folclóricos e os apresentam com "roupagem" erudita. Esta prática teve grande expressão no "nacionalismo", movimento típico do final do período romântico e do modernismo.

  • Não poderia deixar de registrar a forte influência dos compositores nordestinos: Cussy de Almeida, Clóvis Pereira, Jarbas Maciel, Duda, Antônio Nóbrega, Antônio José Madureira, Marlos Nobre, Dimas Sédicias e José Tavares de Amorim, que fizeram escola na forma e no trato que deram a música folclórica nordestina.

SOBRE A OBRA:

“RAPSÓDIA SERTANEJA” para banda de música, é uma obra original e inédita com arranjo do maestro Rocha Sousa que se utiliza de motivos e melodias do folclore piauiense, e os apresentam com uma linguagem erudita. Os temas utilizados foram originalmente pesquisadas pelos maestros Reginaldo Carvalho, Emmanuel Coelho Maciel e pelo próprio autor.

DESENVOLVIMENTO DA OBRA:

1. Abôio (Introdução) - abertura utilizando motivos modais de abôios (aboios - melodias modais que os vaqueiros utilizam para conduzir a boiada);

2. Música de Chegada – é a primeira música que se canta dando inicio à apresentação do reisado (melodia extraida do livro "Cantares Piauiense" (com melodias do folclore piauiense), de autoria do maestro Reginaldo Carvalho.

3. Cavalo Piancó – melodia folclorica acompanhado de uma dança vivenciada por velhos que fazem de conta estar montando cavalos mancos. É oriunda da cidade de Amarante-Piauí, e foi pesquisa pelo maestro Emmanuel Coêlho (cavalo piancó quer dizer cavalo manco ou coxo).

4. Abôio - a idéia é combinar diversos aboios de forma aleatória em contraponto modal como passagem modulante. (O Vaqueiro, figura marcante no sertão piauiense é um destemido na condução da boiada com seus aboios lamentosos a ecoar pela vastidão dos campos que usa para dominar o boi).

5. Boi do Piauí – melodia folclorica cantada em todo o Brasil desde o periodo colonial brasileiro em que o Piauí abrigava as grandes fazendas de gado. O Bumba-meu-boi é a representação popular mais importante do Piauí. (A pesquisa folclórica é do maestro Emmanuel Coelho).

6. A Lênda do Cabeça de Cuia – esta é uma das melodias com maior identidade popular com a folclórica lenda do Cabeça de Cuia. Aconteceu com a mesma um fenômeno raro, que é chegar a ser confundida como música folclorica. Mas tem uma autoria definida e está catalogada e registrada em varias gravações como de autoria do maestro Pedro Silva.

7. Cantiga de Cego na Feira - melodia modal folclórico muito comum no repertório das bandas de pifanos nordestinas. A mesma foi coletada por mim na cidade de União - Pi, mas tenho convicção que esta presente em todo o sertão nordestino.

8. Ave Maria Sertaneja – melodia do repertório folclórico-religioso piauiense coletada por mim no municipio de José de Freitas - Pi. Esta ladainha é cantada nos terços e procissões dos sertanejos que imploram a nossa senhora nos longos periodos de estiagem sertaneja por chuva
no sertão.

LINKS PARA O AUDIO:

Rapisódia Sertaneja [Bda Sinf 16 de Agosto] Rocha Sousa.mp3

LINKS PARA PARTITURAS EM PDF:

http://www.4shared.com/document/Mf1K1kwS/Rapsdia_Sertaneja_Rocha_Sousa.html

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Música Não é Para Todos! É Para Poucos


  • Vivo ministrando aulas de música, de forma contínua, desde 1989, participando assim da formação de vários colegas que hoje também dão sua contribuição para o engrandecimento da nossa arte. Ao longo do tempo, adquiri algumas certezas e muitas dúvidas sobre o exercício desta profissão.
Tento a seguir ordenar alguns argumentos e questões sobre o fato.
  • O que é preciso para ser músico?

É uma questão polêmica. Há um consenso: é preciso ser humilde, ter talento e gostar de estudar. É preciso buscar o total domínio da linguagem musical e os conhecimentos específicos de um instrumento musical; é preciso gostar musica; ter curiosidade pela informação musical e ser criativo, são alguns dos atributos obrigatórios. O problema é que no Brasil a maioria das pessoas que reúnem esses atributos não estudam, nem exploram esse potencial e ficam na superficialidade.

  • Onde adquirir os conhecimentos específicos citados no tópico anterior?

Começa na vivência de casa e deve prosseguir em uma boa escola de musicalização ou em um projeto público destes que utilizam métodos de ensino coletivo visando revelar talentos para participarem dos seus grupos. Se conseguir passar por esta etapa procure urgente uma escola profissionalizante de bom nível técnico. Como não temos escolas de música profissionais de nível internacional no Brasil, pode ser com um bom mestre prático. Após mais esta etapa já dar para você ter uma idéia se deve ou não continuar e encarar uma faculdade.

As deficiências do processo de formação musical em nosso país ainda é um dos aspectos que se colocam como maiores obstáculos na consolidação de nossos músicos no mercado de trabalho.

  • Para ser músico, assim como em qualquer outra profissão, exige muito estudo e dedicação. Felismente a maioria dos músicos que atuam em nosso mercado profissional são autodidatas dedicados, verdadeiros devotos da arte que coordenam seus próprios estudos fazendo desta escola um meio de superação da maioria das dificuldades.

Ser músico e viver desta arte em nosso país é um uma missão quase impossível. Diversos aspectos dificultam o futuro e êxito profissional da maioria dos nossos artistas que fazem de tudo para não abandonar os próprios sonhos e objetivos.

  • O conteúdo do vidéo a seguir destaca o trabalho da Banda Sinfônica Jovem Mario Portes na vida dos jovem na comunidade de Jundiapeba na cidade Mogi das Cruzes!

domingo, 16 de agosto de 2009

O Arranjo Musical [2] MPB


  • A efervescente atmosfera musical vivida nos anos de 40 a 60, época áurea das grandes Orquestras populares brasileiras, está intimamente ligados ao Rádio como veiculo de comunicação e entretenimento de então, novidade marcante na sociedade brasileira, e posteriormente migrados para a Televisão, em particular às emissoras Tupi e Record.
Em homenagem à memória de uma época responsável pela criação de belissimas obras musicais e do surgimento grandes nomes em nossa música popular, como: Radamés Gnatalli, Léo Peracchi, Lindolpho Gaya, Lyrio Panicalli, Moacyr Santos, Ciro Pereira e tantos outros... Estaremos escrevendo sobre a história do arranjo musical na música popular brasileira, atribuindo a devida importância à tarefa do arranjador, que muitas vezes é considerada como atividade menor na prática musical, no entanto, assume um caráter de fundamental importância ao longo da história da música popular ocidental pela produção de obras representativas do repertório que nos foi legado, muitas vezes com linguagens muito próxima entre erudito e popular.

É fato sabido e marcante, a influência deste período na trajetória da maioria dos grandes músicos brasileiros das gerações mais recentes. Durante as décadas de 30 a 60, quase toda emissora possuía sua própria Orquestra, além de seu Cast de Músicos, Intérpretes e Arranjadores. A necessidade de uma programação variada quase que diariamente, aliada à transmissão ao vivo e ao grande número de excelentes cantoras e cantores, criava a obrigatoriedade de uma produção ao mesmo tempo rápida e qualitativa no que diz respeito ao quesito Arranjo.

Note-se ainda que, em função da grande diversidade de ritmos de então, destacava-se a capacidade na elaboração de roupagens de grande qualidade artística para os mais diversificados Gêneros Musicais e Formações Instrumentais, desde as grandes Orquestras até os Regionais de Chôro e Grupos Vocais.
  • A função do arranjo na música popular é aflorar as qualidades de uma obra musical de acordo com sua finalidade, revelando as vezes ao próprio autor, belezas invisíveis. Ao arranjador em sua tarefa de realização de um arranjo, cabe a escolha do instrumento ou grupo de instrumentos a serem utilizados como meio de expressão, planejamento formal para a concepção do arranjo, escolha de tonalidade adequada aos meios escolhidos, adequação do material harmônico enquanto linguagem a ser explorada, definição das funções desempenhadas por cada um dos instrumentos de acordo com suas características idiomáticas, além de todas as técnicas empregadas para a “composição” do arranjo, técnicas estas oriundas da atividade composicional.
O arranjo forneceu ao gênero popular (geralmente a canção), concebido como melodia acompanhada (ou por um único instrumento harmônico, como o violão, ou pelo grupo conhecido como —regional“, derivado das rodas de choro) uma densidade sonora que originalmente não existia. Dentro das principais etapas da evolução deste ramo de atividade musical no século passado na música popular brasileira... Destacaremos a seguir os principais nomes representantes da história desta arte em nossa música popular.
  • Anacleto de Medeiros - No Rio de Janeiro do início do século, destacava-se a Banda do Corpo de Bombeiros, uma das que mais gravou discos no início do século. O conjunto foi fundado e dirigido pelo maestro e compositor Anacleto de Medeiros, a quem se atribui a criação de uma linguagem orquestral popular no Brasil, ao fundir a linguagem das bandas à das rodas de choro.
Durante a fase da gravação mecânica, utilizavam-se preferencialmente instrumentos de metal e vozes impostadas, baseadas na técnica do bel-canto, que possuíam a amplitude (intensidade) necessária para mover a agulha gravadora e criar um sulco na cera prensada, registrando-lhe o espectro do som. Com o advento da gravação elétrica, em 1927, e o conseqüente aumento da sensibilidade do diafragma do microfone, amplia-se enormemente a gama de timbres que podiam ser gravados, incluindo as cordas, as vozes —pequenas“ e instrumentos percussivos que antes não eram captados com precisão. Os singelos regionais (grupos instrumentais compostos de violão, cavaquinho, percussão e um instrumento melódico œ flauta, clarinete, bandolim etc.) são, assim, substituídos por grandes orquestras.

1ª Geração de Arranjadores Brasileiros ( de 1935 a 1949)

Na segunda metade dos anos 30 com a expansão do radio no Brasil, desponta a 1º Geração de arranjadores para formações orquestrais mistas (seção rítmica, cordas e sopro), encabeçada por Radamés Gnattali, Pixinguinha e Gaó, completada mais tarde por Lyrio Panicali e Leo Peracchi, os quais viriam a introduzir, durante suas longas carreiras profundas modificações na construção de uma nova linguagem na música popular brasileira baseadas na seção rítmica norte americana e nas orquestras ligeiras dos anos 40. A formação Big Band começa a se dissiminar com formações dedicadas aos gêneros típicos como o samba e o frevo

  • Arranjos referências: 1939 - Arranjo de Radamés Gnattali para "Aquarela do Brasil" de Ary Barroso, na voz de Francisco Alves se destaca ao dar tratamento rítmico a instrumentos "melodico".
O surgimento e a expansão das rádios no Brasil, está intimamente ligado à construção de uma linguagem orquestral na música popular, sobretudo nos anos 40 e 50. Num momento em que praticamente todas as emissoras eram dotadas de orquestras próprias, para as quais eram escritos arranjos inéditos, os orquestradores desempenharam um papel importantíssimo na construção de uma —sonoridade brasileira.
Foi na Rádio Nacional que surgiram as primeiras experiências de arranjo de música brasileira para outras formações. Coube a Radamés Gnattali, um dos maestros da casa, o papel de fornecer uma outra roupagem aos cantores brasileiros além daquela do regional. Começou a fazer arranjos de pequenas peças como toadas e choros para pequenos conjuntos, trios, quartetos, os quais eram executados pelo próprio maestro ao piano, Iberê Gomes Grosso no violoncelo e Romeu Ghipsman no violino. Depois foi enriquecendo as formações até chegar à orquestra. Orlando Silva, o "cantor das multidões", foi um dos primeiros a contar com esse novo recurso.
  • Na década de 30, Radamés trabalhou na Rádio Clube do Brasil, na Rádio Mayrink Veiga, na Gazeta, na Cajuti e na Transmissora, na qual iniciou sua carreira como arranjador. Em 1935, Orlando Silva requisitou-lhe alguns arranjos de cordas para seu disco. O maestro aceitou e Orlando Silva acabou sendo o primeiro cantor brasileiro a gravar música brasileira com orquestra sinfônica, vendeu toneladas de discos. O acorde americano, como ficou conhecido o acorde de nona, agradou muito o público. Até então este tipo de acorde só era utilizado no jazz, porque os compositores de jazz ouviam Ravel e Debussy. Aqui ninguém nunca tinha ouvido esses acordes a não ser em música americana, e vieram as críticas. Mas o povo não se deixou levar e assimilou muito bem a novidade." (BRESSON. Bruno Cartier. Uma história que conta como os violinos chegaram aos arranjos do samba. O Estado de S. Paulo. 19.03.1979. p.26).
  • Ainda sobre Radamés Gnattli: Durante os trinta anos em que trabalhou na Rádio Nacional, Radamés foi um inovador; abriu espaços para novos maestros e arranjadores, valorizou a música instrumental e foi o responsável pela inclusão da orquestra na música popular brasileira. Introduziu no Brasil nos anos 30 a cifra norte-americana, por ser a cópia das partes de piano feita mais rapidamente uma vez que os trabalhos entregues pelos arranjadores tinham suas partes de orquestra copiadas e tocados no mesmo dia sem ensaio pela orquestra da Rádio Nacional. A experiência no rádio o levou para a Rede Globo de Televisão em 1968, onde trabalhou como maestro e arranjador durante 11 anos. Poucos arranjos considerados geniais na música brasileira não passaram pela mente versátil e pela caligrafia fina e precisa do maestro, arranjador e concertista Radamés Gnattali (1906-1988).

2ª Geração de Arranjadores Brasileiros ( de 1950 a 1968)

No inicio dos anos 50 surge a 2ª geração de arranjadores brasileiros. Nesse periodo acentua-se a influencia norte americana em nossa música. Os princiapais representantes deste periodo são: Lyndolgo Gaya, Moacir Santos, Tom Jobim, Luiz Arruda Paes, Cyro Pereira, Cipó e Rogerio Duprá.

  • Os arranjos inovadores de Tom Jobim para Elizete Cardoso e João Gilberto estabelecem padrões de referência para a moderna MPB, que então nascia pelas mãos da bossa nova; Rogerio Duprá renova a MPB ao fazer com tropicalistas trabalho similar ao que George Martin fez com os Beatles.

Arranjos referências: 1968 - arranjos de Rogerio Duprá para disco "Tropicalia" de Caetano Veloso.

3ª Geração de Arranjadores Brasileiros ( de 1969 a 1980)

No final dos anos 60 consolida-se a 3ª geração de arranjadores brasileiros composta por luis Eça, Eumir Deodato, Oscar Castro Neves, Dory Caymmi, Chiquinho de Moraes, Cesar Camargo Mariano, Wagner Tisso, etc.
A parti da década de 80, com o avanço da tecnologia de gravação, a evolução dos instrumentos musicais eletrônicos, o surgimento dos sintetizadores, as sucessivas crises de ordem financeira, as exigências de um “mercado cultural” voltado ao lucro imediato e fácil, a valorização dos pequenos grupos, dentre outros fatores... Praticamente inviabilizaram as grandes formações orquestrais da música popular nos estudios fazendo com que estas tivessem carater secundario e fossem desaparecendo quase que por total.
    • Hoje em dia, com o fácil acesso a computadores modernos e os baixos custos dos sintetizadores, surgiram os homes studios que fazem uma mudança radical no sistema de gravação e nos custos das produções musicais modificando totalmente a sonoridade e o conceito de arranjo nos dias atuais.