sexta-feira, 19 de junho de 2009

Tenente Maestro Elton, "Meu Mestre"

Banda Parque da Cidade (1993), Regência - Maestro Elton; Contra-Mestre - Rocha Sousa

Comecei meus estudos musicais na cidade de Teresina em 1987, aos 19 anos, com o Maestro Elton Oliveira. As aulas aconteciam na banda da Policia Militar e em sua residência no bairro Mocambinho, zona norte de Teresina. Depois de passar pela prova do abc musical, uma cartilha de sua autoria preparada com lições de teoria e leitura musical, ele me entregou um instrumento musical para estudar: um saxofone.
Quando estava iniciando meu desenvolvimento técnico com esse instrumento, por necessidade de um bombardinista na banda do km 7 onde ele era o mestre, ele me mudou para estudar bombardino.
Pouco tempo depois, comecei estudar trombone de vara, e a ter minhas primeiras "noções de harmonia”, usando como instrumento didático, um violão para fazer soar os acordes e facilitar na analise dos encadeamentos.
Lembro-me que com poucos meses de estudo o mestre Elton já me mandou auxiliar no ensino dos outros aprendizes que estavam iniciando. Tentei argumentar que não sabia nada, mas ele determinou: Fiz o que pude, para os alunos se desenvolverem e mostrei pra ele. Acreditem: ele me elogiou e ficou impressionado com o resultado do trabalho e daí então: nunca mais quis me largar como seu contra mestre e regente auxiliar.
  • Sempre disse uma frase, a meu respeito: - Você é muito curioso!
O maestro sempre foi um mestre sério e disciplinador, que não admite aluno faltoso ou preguiçoso. Lembro-me que, ainda inexperiente, queria aprender orquestração. Então comecei a "orquestrar" por conta própria meus exercícios de harmonia e os levei para serem apreciados.
  • - Você está invertendo as coisas... Estude o seu instrumento.
Eu comprei o livro do Korsakov e fui estudar só. Sempre fui um aluno rebelde, mas nunca deselegante. Até hoje levo os meus trabalhos sem nenhum receio pra ele ver. E ele vê tudo com atenção.
  • Ele é um mestre essencialmente prático. Suas aulas são práticas. Exigem do aluno trabalho e dedicação. Tem um método próprio de ensino, seu material didático é prático, objetiva e visa fazer com que o aluno toque e escreva.
Maestro Elton é um homem de banda, filho de mestre de banda, e portanto, desde a infância é seguidor da estética e da didática desta formação. Um legitimo representante desta tradicional escola de música brasileira.
Suas "dicas" são determinantes. Uma vez, vendo a dificuldade dos alunos em sincronizar uma leitura de uma peça em compasso 9/8, mudou a maneira de ensinar.
  • - Vamos fazer de conta que estamos lendo em um compasso 3/4.
Foi uma revolução. Abriu a mente de todo mundo. E logo, todos estavam tocando no compasso 9/8.
Embora hoje a nossa vida profissional tenha nos distanciado um pouco, não esqueco que foi por intermédio dos conhecimentos e da experincia deste mestre, filho de Curaça na Bahia, que a música entrou na minha vida. Devo muito ao Tenente Maestro Elton, o mestre que me "revelou".
  • Seu temperamento forte ofusca sua generosidade.
Maestro Elton! Meus agradecimentos... Durante esse tempo todo, de minha trajetoria profissional, é possivel enxergar em meus passos os reflexos de seus ensinamentos repassados de uma forma simples e consistente.
  • É dificil colocar em palavras o que, talvez, não caiba em apenas palavras.

Ao lado do Primo Maestro Fred Dantas

  • JOSÉ ELTON OLIVEIRA (músico, compositor, regente, arranjador e mestre de banda), é natural de Barrao Vermelho de Curaçá - BA (região de Juazeiro). Iniciou suas atividades musicais ainda criança na banda filarmônica 15 de Março dirigida pelo pai o Maestro Filemon Gonçalves. Na final da década de 50 do século passado atuo como músico trombonista em varias orquestras de radio e salão no estado de São Paulo.
  • Radicou-se no estado do Piauí no inicio dos anos 70, incluindo na Banda de Música da Policia Militar como músico, e onde ainda atuor como regente, compositor e arranjador, encerrando suas atividades naquela instituição em 1996 como oficial da reserva daquela corporação militar.
  • Atualmente concentra suas atividades musicais como mestre de banda do Projeto Bandas Escolas da Prefeitura Municipal de Teresina, através da Fundação Cultural Monsenhor Chaves (FCMC), onde dirije desde 1988 a Banda-Escola Infanto Juvenil Maestro Pixinguinha.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Luizão Paiva: "The Piano Jazz"


    Maestro Luizão Paiva

  • Luizão Paiva é considerado um dos maiores pianista de jazz do Brasil. Seu som ao piano é inconfundivel, tem muito swing e uma pegada com características, comparavel aos grandes pianistas de jazz internacional. Tem uma técnica apurada, que demonstra leveza e precisão em todos os ritmos.

Algumas das palavras que os definiriam são: devoção, seriedade, e amor à arte. O pianista jazzistico Luizão Paiva, o maior músico que apareceu na história da música piauiense na segunda metade do século passado, é um músico de uma categoria excepcional, que ganhou prêmios tocando música erudita e ganhou prêmios tocando jazz: um músico que não apela... Teve um pai que era um grande incetivador e uma grande professora de piano na infancia, sua avó Adalgiza Paiva que ensinou pra ele os verdadeiros valores que o definem e o acompanham até hoje.

Nasceu em uma época em que a música americana predominava no nosso rádio e no cinema, e as pessoas não aprendia a dançar com o lixo musical que existe hoje, mas com Glenn Miller, Tommy Dorsey, Harry James, Artie Shaw, Benny Goodman e daí pra fora... Na música brasileira de então havia um número enorme de músicos naquela época, porém quando começou a tocar profissionalmente a bossa nova já havia assumido o comando da música brasileira. Entrava em voga o estilo da bossa nova instrumental, que era um misto de jazz com música brasileira. Foi neste cenário que surgiu o pianista jazzistico Luizão Paiva.

  • Pianista, maestro, arranjador e compositor, Luizão Paiva toca piano desde os seis anos de idade e começou seus estudos de música com sua avó, Adalgisa Paiva, que fora aluna de Villa-Lobos. Estudou por vários anos na escola Pró-Arte no Rio de Janeiro e seguiu para Berklee College of Music, em Boston, EUA, onde se graduou em música (composição, arranjos e performance). Durante sua permanencia em Boston apresentou-se em vários clubs de jazz e recebeu da Berklee College of Music o prêmio Lennie Johnson, por mérito musical.

Como pianista jazzitico, integrou vários grupos de bossa e jazz no Brasil e no exterior. Compôs a trilha sonora de abertura da 1ª versão da novela “Roque Santeiro” e trabalhou com Chico Buarque e Dori Caymmi na peça “Gota d’água”, tendo tocado ainda com músicos como Robertinho Silva, Sivuca e Paulo Moura, além de cantores como João Bosco, Jamelão, Bibi Ferreira e a família Caymmi. Partiu para a carreira instrumental solo com o lançamento dos CDs “Avoante” e “Piauí”. Atuou também como professor de música para masterclass no Rotterdam Conservatorium, na Holanda, onde ministrou cursos de música brasileira.

Depois de 30 anos pelo mundo, voltou a Teresina, e em 2002, montou a Escola de Música Adalgiza Paiva (EMAP) na UFPI, introduzindo a música popular jazzistica no curriculo de ensino da mesma, criando assim um novo modelo pedagogico de ensino musical que aos pouco vem sendo adotado por outras escolas brasileiras.

  • Se você gosta de ouvir bons pianistas de Jazz, você precisa ouvir o maestro Luizão tocar.

O seu som, é pra quem gosta de viajar musicalmente, ele é econômico nos improvisos, sofisticado nas escolhas melódicas. Depois de escolhida as bases melódicas vem algo melhor, que é o seu tratamento obsessivo ao explorar musicalmente as possibilidades harmonicas do tema. Luizão é um músico comparavel ao grande pianista Bill Evans, um gênio na arte de improvisar.

  • Assista a seguir um vidéo com entrevista do maestro Luizão Paiva exibida no programa Tudo de Bom da Tv Cidade Verde de Teresina-Pi.


Maestro Luiz Santos: O Educador de Gerações

Maestro Luiz Santos
  • No dia 04/05/2009, silenciou, para sempre, o exímio trompetista, maestro, educador e compositor Luiz Santos, que educou e formou musicalmente várias gerações de músicos em solo piauiense. Ao longo dos seus 86 anos, manteve uma brilhante trajetória musical, reconhecida e aplaudida por todos do meio musical, no Piauí.
O maestro Luiz Santos, nasceu em 03/05/1922, em Valença-PI. Aos 17 anos veio com a família morar em Teresina, onde iniciou seus estudos musicais. Em 30 de abril de 1946 ingressou na banda de música da Policia Militar do Piauí como músico trompetista.
Desde cedo demonstrou dedicação e entusiasmo nos estudos musicais, de tal forma que, e por si só, quase que instintivamente, foi aperfeiçoando os conhecimentos, até vir a ser um hábil compositor, além de um exímio executante do instrumento que adotou para estudo e companhia - o trompete.
  • Na banda de música da Policia Militar do Estado do Piauí fez carreira de soldado-músico ao posto de Tenente Coronel–maestro.
Como maestro chefe, Luiz Santos foi um competente regente, sempre pronto a ajudar e a resolver problemas musicais da banda da corporação. Esta sua característica aliada ao fato de ser um dos maiores músicos do seu tempo em todo o Piauí, conquistou a estima e a admiração de todas as pessoas que o conheceram.
  • Em 1962, criou na corporação o grupo “Os Milionários", grupo esse que gravou um disco que fez muito sucesso nos estados do Piauí, Maranhão e Ceará. Foi também foi o responsável pela interiorização da banda de música da Pmpi nos principais municípios do interior do Estado.
Como professor, contribuiu com a formação de várias gerações de instrumentistas, inclusive os seus filhos, que integraram diversos grupos e bandas na cidade de Teresina e nos estados Brasileiros.
  • Foi o fundador de diversas bandas de Música no interior do estado do Piauí e Maranhão.
Em Teresina fundou a banda da antiga Escola Técnica Federal do Piauí hoje CEFET-PI e implantou na década de setenta um projeto pioneiro de formação de bandas nas escolas pública estaduais localizada nos diversos bairros da cidade onde revelou muito dos músicos, regentes e compositores.
  • A sua habilidade não se manifestava só na música. Pelo jeito que tinha para a pedagogia, não perdeu oportunidade e criou a escola Pedro II que contribuiu para a formação de muitos profissionais nas diversas áreas do conhecimento.
A sua modéstia, o seu amor à família, a fidelidade aos seus amigos, o apego à sua terra natal e a total ausência de ambição, levaram-no a viver sempre de forma simples, rodeado pelos filhos e amigos, mesmo depois da aposentadoria.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Maestro Emmanuel Coêlho Maciel

Maestro Emmanuel Coêlho Maciel
  • O maestro, professor, compositor e pesquisador Emmanuel Coêlho Maciel, radicado na cidade de Teresina desde de 1978, é autor de importantíssimos trabalhos de pesquisas no campo da nossa música folclórica, além de ter organizado inúmeros corais e uma metodologia de ensino coletivo para orquestra de cordas. Por aqui também montou a orquestra de câmera de Teresina, com recursos da Prefeitura de Teresina e que possibilitou posteriormente a cidade vim a ter sua orquestra sinfônica.

Maestro Emmanuel regendo a Orquestra de Cordas de Teresina - 1998

Como professor da UFPI, foi quem teve a iniciativa pioneira no estado do Piauí de propor, a partir de 1981, que a entidade organizasse uma camerata a fim de executar o que há de mais importante em nossa arte musical.

Em 1998, o maestro Emmanuel Coêlho Maciel através da então, Fundação Jet, nos mostrou o que o Piauí não conhecia, quando resgatou através de pesquisa musicológica o repertório de valsas do músico compositor piauiense Posidônio de Queiroz da cidade de Oeiras-Pi, que apesar da riqueza de suas obras até então não tinha um registro musicográfico em partituras editadas ou através de gravações em áudio.
  • O trabalho desenvolvido pelo maestro Emmanuel nos levou a perceber que o estado do Piauí ainda é pouco explorado no campo da musicologia e que ainda tem muito da nossa cultura musical precisando ser pesquisada e resgatada.
Apresentação do Coral dos Vaqueiros da Cidade de União-Pi, sob a regência do maestro Emmanuel Coêlho.


Apresentação da Orquestra de Câmara da Cidade de Teresina-Pi, sob a regência do maestro Emmanuel Coêlho Maciel em concerto realizado no ano de 2000 no Teatro 04 de Setembro em Teresina.

  • Emmanuel Coêlho Maciel ganhou três prêmios nacionais de composição, pelo Instituto Nacional de Música/Fundação Nacional de Arte, com as obras "Os sapos" (1981), "Ema-Seriema" (1982) e "Módulos" (1983). Compôs, entre outras, as obras "Quarteto para Flautas Transversais", "Estudo Fugato" e "Quase Andante". Possui diversos trabalhos inéditos, como "Peça Orquestra"(1983), "Reis Pastorinhas" (1990) e "Cadernos de Solfejo Modais e Tonais" (1990). O compositor destaca ainda a "Sonata Duo" (1964), "Musik'A2" (1986), "Aknathon" (1967) e "Dança e Langoroso" (1963).

domingo, 14 de junho de 2009

Maestro Beetholven Cunha

Maestro Beetholven Cunha

  • Dia 16 de julho de 2009, às 20:30h em Campinas (SP), a Orquestra de Câmera da UNICAMP, com regência de Simone Menezes, fez a estréia do Concerto Para Euphonium e Orquestra de Cordas do Compositor Beetholven Cunha.

Conheci o maestro Beetholven Cunha há mais ou menos cinco anos, quando fui convidado a participar de um evento no Conservatorio Fortes das Artes em São Paulo. Vários músicos e regentes de diferentes partes do Brasil estavam no evento, que treinava, principalmente, mestres de banda para trabalhar com banda de música em projetos sociais. Nesta época o maestro Beetholven regia uma banda de jovens pobres de diferentes partes de São Paulo, educados pelo próprio maestro, através do projeto "Guri", um destes projeto com preocupação social e que ele tinha um grande prazer em participar.

Nosso contato naquele momento possibilitou uma futura amizade e a oportunidade de trabalharmos juntos na cidade de Teresina. Não tenho dúvidas que sua vinda para nossa cidade tem contribuido muito para o crescimento musical deste lugar. Sei de seu entusiasmo, de sua responsabilidade e de seu compromisso como mestre e compositor que é.

  • Eu comecei a admirar muito o maestro por sua postura em relação à música. Geralmente, grandes maestros não são favoráveis à junção da música erudita com outros estilos. Na verdade, existe um grande preconceito por parte deles, muitos desprezam outras maneiras de expressão musical. O maestro Beetholven não. Ele é muito aberto a novos experimentos, mantendo a classe e a técnica da música erudita, mas sempre buscando novos caminhos.

O Maestro Beetholven é o exemplo de um homem da música a serviço da música. É um privilégio conhecê-lo e poder trabalhar junto com este grande maestro. Com ele tenho aprendido muito, principalmente a valorizar a cultura do meu lugar.
  • Beetholven Cunha é professor, bacharel em composição e regência, instrumentista, compositor e arranjador. É regente de grupos da EMAP – Escola de Música Adalgisa Paiva e tem obras executadas pelo mundo a fora, em países como Áustria [Viena], Itália [Milão], Suíça [Zurique], Líbano [Beirute] e Portugal.

Vídeo realizado com o Maestro Beetholven Cunha no I FESTIVAL INTERNACIONAL DE METAIS CARLOS GOMES, regendo sua composição: "Intervenções Sonoras" executada por bolsistas do Brasil, Argentina, Chile e Peru. Campinas / São Paulo em julho de 2009.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Reginaldo Carvalho: O Maestro-filósofo

Maestro Reginaldo Carvalho


  • “O som é a expressão das leis da natureza na sua relação com o sentido da audição”.
Nesta sentença estão presentes principalmente a idéia de que existem leis naturais, das quais obtemos os diferentes tons, e a noção em relação ao seu uso nas criações musicais.

A partir dessas idéias iniciais, o maestro-filósofo Reginaldo Carvalho tem ensinado que, é importante ter sempre em mente um modo peculiar de vê a arte musical. Dessa concepção ele desenvolveu uma teoria musical onde a música deve ser entendida como a forma pela qual a natureza age através do homem.

Por sua teoria a música leva em conta os fenômenos acusticos para produzir efeitos estéticos e se define como: o domínio e articulação do som, elemento composto de infinitos harmônicos, presente desde sempre na natureza, e do qual o homem se utiliza a partir da descoberta de suas diversas qualidades.

Traduzindo: assim como faz o pintor em sua tela, utilizando-se das tintas, das cores, das formas, do espaço, elementos naturais que constituem a matéria-prima de seus quadros, o músico também cria e executa composições partindo sempre da própria natureza que lhe dá como matéria os tons, timbres e intensidade dos sons, além do tempo, trabalhado na pulsação e no ritmo.
  • "A arte musical nada mais é do que, a expressão de leis da natureza realizadas pelo homem".
Desde de sempre, a música é uma expressão das leis da natureza, isto não é novidade. O novo, é uma abordagem teorica desta arte que considere essa concepção.
  • Reginaldo Carvalho tem o mérito de ser o primeiro compositor brasileiro a trabalhar com música eletroacústica. Suas primeiras obras datam de sua estada em Paris com bolsa obtida por influência de Villa-Lobos. Foi diretor do Instituto Villa-Lobos, que na época se transformou num importante centro para a prática da música experimental no Brasil. É atualmente professor aposentado da Universidade Federal do Piauí, na cidade de Teresina onde reside e continua suas pesquisas.
Mais Sobre Reginaldo Carvalho:

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Mestre Sebastião Simplicio - Pesquisa Musical

  • Dentre os mestres-compositores de banda de música que contribuíram para o engradecimento da musica piauiense, destacamos o músico, regente, compositor e mestre de banda Sebastião Simplício como uma das mais ilustres personalidades que a história da música do Estado do Piauí nos legou.
Sebastião Simplício (foto), nasceu na cidade de Pedro II – Pi, no dia 01 de janeiro de 1904, filho de Simplício Pereira do Carmo e de Inocência da Anunciação Sena. Ingressou nas fileiras da Banda de Música da Polícia Militar do Piauí como músico flautista e saxofonista. Fez uma carreira totalmente dedicada a música e a banda de música da corporação.

Durante o longo tempo que esteve na Banda da PMPI, compôs e arranjou um grande acervo de obras musicais, destacando-se várias composições como dobrados, hinos, marchas militares, canções militares (inclusive uma dedicada à própria Corporação, com o título “Canção da Polícia Militar” – ano l950 – letra do Cel. Vasques e música do Ten. Sebastião Simplício), marchas fúnebres sacras (executadas nas tradicionais procissões de Bom Jesus dos Passos e do Senhor Morto) e várias outras composições, além de inúmeros arranjos musicais.


Entre as décadas de 30 e 60 quando o mestre Sebastião Simplício esteve em plena atividade na banda da PMPI, a cidade de Teresina possuía apenas duas bandas de música: a do 25º Batalhão de Caçadores (25 BC - Exercito Brasileiro) e a da Polícia Militar, ambas sempre muito respeitadas e requisitadas pela sociedade a se apresentarem nos mais variados eventos da época. Dentre estas apresentações, destacamos as tradicionais retretas nas praças Rio Branco e Pedro II.
  • Imaginem na década de 40, para aqueles homens fortes, sertanejos valentes, vaqueiros rudes, que varavam as veredas de nosso estado, do litoral aos sertões do Rio Parnaíba, estar na praça e ver a banda tocar, era, sem dúvida, entrar no deslumbramento da vida, mergulhar na fantasia dos sonhos e banhar-se de novas esperanças. Foi neste berço de encantamento, que o mestre-compositor Sebastião Simplício através da banda de música da PMPI encontrou espaço no coração do povo da nossa terra.
1° Congresso Eucarístico do Piauí - 1960

Um dos grandes acontecimentos musicais que marcou a história da Banda de Música da Polícia Militar do Piauí, sob a regência do mestre Sebastião Simplício, e ficou marcado para sempre na memória daqueles que o vivenciaram foi o 1° Congresso Eucarístico do Piauí, um grandioso evento litúrgico, promovido pela Arquidiocese de Teresina no ano 1960 na cidade de Teresina.

Foram convidadas para participar da parte musical do evento, a famosa e tradicional Banda de Música dos Fuzileiros Navais, do Rio de Janeiro, na época, capital do país, e a Banda de Música da Polícia Militar. Foram várias apresentações em vários dias de ambas às Bandas. Sobre a participação das bandas no 1° Congresso Eucarístico do Piauí, Josué Simplício (filho do mestre Sebastião Simplício) em depoimento, diz:
  • "Realmente, foi brilhante as apresentações das bandas, cada uma com um vasto e belíssimo repertório, incluindo desde dobrados militares à trecho de óperas, além de canções populares e do folclore da região. O ápice da participação da banda da PMPI no evento, culminou com a execução integral sem as partituras da abertura para banda da ÓperaO Guarani” – do compositor brasileiro Carlos Gomes no adro da Igreja de São Benedito. Este feito da banda da PMPI tocar decorado "O Guarani" em sua apresentação, de forma impecável, motivou o maestro e todos os componentes da Banda de Música dos Fuzileiros Navais a cumprimentarem, efusivamente, um a um os músicos da Banda PMPI. Foi um momento de extrema emoção vivido por parte de todos que assistiram a tão belo espetáculo musical. Foi uma noite memorável."
Orquestra Jazz-Band

Em paralelo ao exercício da função de maestro-regente da Banda de Música da Polícia Militar, o mestre Sebastião criou uma Orquestra de Jazz e Salão, com músicos oriunda da própria banda de música da PMPI que se apresentava com brilhantismo nos principais bailes e festas da cidade.
  • Sobre as apresentações da Orquestra Jazz-Band do maestro Sebastião Simplício, seu filho, Josué Simplício nos diz: "A Orquestra se apresentava nos grandes bailes promovidos pelo tradicional e aristocrático “Clube dos Diários”, na época, reduto da alta sociedade teresinense, incluindo-se, também, os animadíssimos bailes carnavalescos, realizados no período de “Rei Momo”, bem como nos clubes sociais de outras cidades da nossa região".
Orquestra Jazz Band da PMPi - 1943

Com a criação e funcionamento da Rádio Difusora de Teresina, uma das primeiras emissora de rádio do Estado, o maestro Sebastião foi convidado e participou com sua Orquestra nos programas musicais da emissora, principalmente os programas de auditório, que tinham a participação dos artistas da nossa terra e o famoso “show de novos-talentos” – oportunidade oferecida àqueles que buscavam uma chance para se firmarem no meio artístico da cidade.
  • Na banda de música da PMPI com muita competência e humildade fez carreira de soldado-músico ao posto de capitão–maestro conquistando a estima, admiração e respeito de todas as pessoas que o conheceram dentro e fora da corporação. Sua competência musical aliada ao seu jeito humanístico e sensível que tinha para ouvir seus músicos mesmo na condição de chefe contribuiu muito para a organização da melhor equipe musical que a corporação já reuniu em toda sua história.
Na década de 60, foi acometido de um Acidente Vascular Cerebral, tendo ficado semi-paralítico, impossibilitando-o de exercer em toda sua plenitude suas atividades tanto como militar e como músico. Por esse motivo, passou para a reserva remunerada da Polícia Militar. Mesmo limitado em sua capacidade laborativa, isso não foi capaz de fazer esquecer o seu amor pela música e também pela sua querida Banda de Música da PMPI. Nesse período, ainda conseguiu compor alguns dobrados militares, mesmo contando com uma imensa dificuldade para escrever música, pois não fazia nenhum movimento com o braço e a mão direita e também tinha grande dificuldade para locomover-se, devido o lado direito do corpo ter ficado sem movimento.

Apesar de todas essas dificuldades, auxiliado por seu filho, uma vez por semana, deslocava-se até o Quartel da Polícia Militar, na época localizado na Praça Pedro II (centro de Teresina), e lá se dirigia ao alojamento da banda de música, a fim de assistir os ensaios da mesma. Na ocasião, demonstrava um entusiasmo muito grande e uma alegria enorme em está ali, entre os seus amigos músicos, vivendo com eles, aqueles momentos felizes, dando uma verdadeira demonstração da sua dedicação e de quanto amava a Banda PMPI. Após ser acometido novamente por outro Acidente Vascular Cerebral, faleceu no dia 28 de outubro de 1970, deixando a esposa Maria da Silva Simplício e os dois filhos Josué Simplício e Maria de Fátima Simplício.

Assim, foi a vida do Maestro Sebastião Simplício, um homem de origem humilde, que teve uma vida simples, totalmente voltada para sua família e, sobretudo, devotada à causa da música e da Banda de Música da Polícia Militar do Piauí. Deixou como legado seu exemplo de dedicação como músico-militar, regente e de um excelente compositor, além disso, foi um pai de família dedicado, sempre pautado nos princípios da honradez, disciplina, honestidade, amizade e hombridade para com todos que conviveram com ele.
  • Em 17 de Julho de 2005 foi organizado na praça João Luiz Ferreira - Centro de Teresina-Pi, um Encontro de Bandas para comemorar o 131º aniversário da banda PMPI. Na ocasião o mestre Sebastião Simplício foi o grande homenageado do Encontro, quando todas as bandas que participaram do encontro executavam em suas apresentações, obras inéditas do mestre Sebastião. A família do maestro estava presente no encontro.
Acervo Musicológico do Mestre-Compositor Sebastião Simplício

O maestro Sebastião Simplício constitui, em vida, uma grande obra musical: são suas inúmeras canções, sambas, valsas, choros, modinhas, baiões, xotes e, sobretudo marchas, todos os tipos de marchas, como marchas religiosa, marchas de carnaval, marcha fúnebre e marchas militares de desfile e concerto (dobrado). Para Sebastião o dobrado de desfile ou sinfônico é uma privilegiada forma musical, que marca na alma do povo, pela alegria, pela vibração, pelo movimento, pela marcação e pela cadencia firme. Sebastião também compôs músicas eruditas sacras e canções populares em ritmos estrangeiros, sobretudo após seu contato com o radio. Musicou também letras para canções cívicas, religiosas e militares.
  • Bom Jesus dos Passos - Marcha-Religiosa
  • Gloria ao Cristo Rei - Marcha-Religiosa
  • Sentimental - Marcha - Religiosa
  • Dagmar - Marcha-Religiosa
  • Gloria a Deus - Marcha-Religiosa
  • Santa Cecília - Marcha-Religiosa
  • Senhor Morto - Marcha-Religiosa
  • Canção do Centenário a Igreja a Nossa Senhora do Amparo - Hino Solene
  • Cmt Dario Coelho - Dobrado
  • Jerônimo R. Alves - Dobrado
  • Cel Duarte Sousa Rosa - Dobrado
  • Benedito Alves da Luz - Dobrado
  • Flavio Meireles - Dobrado
  • Dr Soltero Vaz - Dobrado
  • Suspiro de Prisioneiro - Dobrado
  • Cônego Antonio C. Carvalho - Dobrado
  • Canção da PMPI - Canção Militar
  • Marilene - Valsa
  • Meyre - Valsa
  • Amparo - Valsa
  • Noite de Luz - Bolero
  • Ontem Pastiste - Bolero
  • Maria de Fatima - Bolero
  • Quando eu te Vejo - Bolero
  • Não Digo o Teu Nome - Bolero
  • Meu Deus Espero Perdão - Bolero
  • Te Quero Tanto - Bolero
  • O Maria - Bolero
  • Sonhar - Bolero
  • Sandra - Bolero
  • Flôr do Nordeste - Bolero
  • Marina - Marcha-Canção
  • Josué - Fox 
Observação 1: As obras catalogada neste acervo foram pesquisadas no Arquivo da Banda PMPI e pertencem ao mesmo, onde encontram-se arquivadas.
Observação 2: Existem outras obras do mestre Sebastião Simplício que ainda não foram localizadas, o que tem impossibilitado sua catalogação neste acervo.

Medalha do Mérito Policial Militar

Em 25 de Junho de 2007, a memoria do mestre Sebastião Simplício recebe da Policia Militar do Estado do Piauí um reconhecimento público através da Medalha do Mérito Policial Militar que foi entregue a seus familiares (esta comenda é a maior condecoração que a PMPI concede aos policiais que se destacam em suas funções e orgulham a corporação).


Josué Simplício, filho do Maestro Sebastião Simplício recebendo das mãos do Cmt Geral da PMPI (Cel Edvaldo Marques) uma placa em homenagem a memoria do maestro.
  • Considero o resgate e as homenagens a este grande mestre de banda, piauiense da cidade de Pedro II, como um gesto de reconhecimento da maior justiça ao artista plural que foi o mestre Sebastião Simplício e, também, vejo como uma forma de perpetuar a sua memória entre nós, pelo exemplo de cidadania que nos legou e pela sua imagem de uma pessoa com admirável sensibilidade humana.